Capítulo 8

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Ian abriu a pasta, a primeira página mostrava apenas uma foto do homem de cabelos grisalhos, olhos escuros e uma cicatriz no lábio superior. "Uma facada?", pensou Ian, ele conhecia muito bem a cicatriz de uma facada, tinha algumas espalhadas pelo corpo. "Talvez um acidente de infância.". O homem carregava um sorriso de presidiário, como se só precisasse disso para conseguir tudo que quisesse, que fez Ian imediatamente sentir repulsa.

Virou a página, nada de fotos dessa vez. Leu "Dados Pessoais" no topo da página e o estudou. Nome: Harold Shaw. 53 anos. Casado. Dois filhos. Logo em baixo havia endereços, da casa dele e do trabalho. Ele analisou os outros dados, "Nada que me impeça de lhe matar.". A próxima página continha dados do Hospital Acer. Vincent deixou bem claro o ato da corrupção. Todos os custos e todos os ganhos durante três anos estavam impressos em gráficos da página 4 até a página 10.

— Esse dinheiro todo... - Rolou os olhos pelos gráficos uma segunda vez e observou os ganhos, Shaw estava vendendo um medicamento placebo para a maioria dos pacientes de câncer. - Está roubando dos pacientes? Harold, Harold. Você quer sobreviver dessa maneira? Nas mãos de papai com muito menos você já era.

Mas e quanto aos pacientes? Ele mataria Shaw e deixaria que eles que se virassem depois? O menino precisaria ser cuidadoso se quisesse fazer algo fora dos planos do pai. E ele queria. Queria botar as mãos nesse dinheiro e devolver para seus respectivos donos.

Abriu seu computador e hackeou o sistema do Hospital Acer. Shaw obviamente já tinha se livrado de todas as provas. Ele não seria burro de deixar no sistema.

Amanheceu e Ian ainda estava com seu computador aberto, esfregando os olhos de sono quando Angie desceu as escadas já uniformizada de mãos dadas com a babá.

— Bom dia, minha vida. Você está linda. - Deu um beijo em sua testa e a pegou no colo. - Se importa se Jaque levar você hoje para a escola? O papai tem um trabalho para fazer.

Ele olhou para a babá e ela assentiu com um sorriso.

— Ah pai. Não goxto de ir a pé. Dói meu pés.

— Mas você não vai a pé, vai de ônibus.

— Mas eu quero ir de carro novo.

— É só hoje, criança. Amanhã e todos os outros dias eu continuo levando.

Ela concordou com um bufão e foi com a babá. Ian fechou o computador, pegou alguns acessórios com que pudesse se disfarçar, se necessário, e os deixou no carro.

"Ok, primeiro preciso conseguir a assinatura dele. E pegar a carteira. Droga.".

Voltou ao computador e forjou uma autorização para uso de imagem, pegou a câmera em sua gaveta, aquela que ele nunca pensou que usaria, o presente de Keira, e dirigiu para o hospital, engravatado.

Fumou dois cigarros para se acalmar antes de entrar e buscou por uma pessoa qualquer que passasse por ali.

— Ei? - Chamou um garoto com camisa polo. - Tá a fim de ganhar 100 pratas? As mais fáceis da sua vida.

— 100 pratas? Preciso matar alguém?

— Boa. Você só precisa entrar no hospital me filmando com essa câmera aqui. - Entregou nas mãos dele.

— Mas isso é uma câmera para fotos e não para filmes.

— Você é esperto, mas ninguém precisa saber disso, ok? 100 pratas.

— Tô dentro.

— Qual o seu nome?

— Renan.

O Fim Do InvernoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora