Capítulo 40

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Zoey foi embora assim que percebeu anoitecer. Alana viu a menina deixar o quarto e, como havia passado a noite passada com o pai, que insistia o tempo todo para que voltasse para casa descansar, resolveu visitar Ian. Ninguém precisava saber que passaria a noite ali. Tentava se convencer de que não seria nada demais. Se Zoey voltasse, teria que ter uma bela desculpa para contar.

Ian ouviu a porta se abrindo. Alguém sentou no lugar que há pouco Zoey ocupava e pegou em sua mão. Era Alana, sabia. Entrelaçou seus dedos como fez antes e deitou a cabeça na cama. Não disse nada, só queria descansar um pouco, quando não estava tomando conta do pai estava cumprindo seus horários e precisava fechar os olhos por um instante. Enquanto ele não aguentava mais ficar ali parado. Mas, tê-la descansando ali, acalmou os batimentos do rapaz. Ela reparou e sorriu. Mesmo numa posição não muito agradável para sua coluna, relaxou e pegou no sono.

Ian despertou, querendo se espreguiçar e encher o peito de ar, esquecendo-se, mais uma vez, que não conseguia se mover. Alana ainda estava ali adormecida segurando sua mão. Mas ele acordar, sentiu que estava menos fraco do que esteve pelos últimos dias e se fizesse uma forcinha talvez conseguisse. Tentou abrir os olhos, falhou, tentou falar, falhou. Precisava dar sinal de vida, e queria que isso acontecesse antes que ela soltasse sua mão. Alana precisava saber que ele estava bem para tranquilizar Angelina. Conseguiu concentrar sua fraca energia em seu dedão e apertou a mão da Doutora. Alana levantou a cabeça da cama, despertando com o coração acelerado e projetando um sorriso.

— Ian? Você mexeu a mão? Mexeu, eu senti. Mexe de novo, por favor.

Forçou por alguns segundos e conseguiu. O sorriso da Doutora agora foi alto. Ela tocou o rosto dele com a mão livre e se aproximou.

— Agora abra os olhos. - Esperou por um tempo, mas nada. - Você pode me ouvir? Aperte minha mão duas vezes se sim.

E ele apertou, no ritmo das batidas de seu coração, lento, mas foram dois apertos, ela tinha certeza.

— Abra os olhos. - Penteou o cabelo dele para trás com os dedos. - Eu sei que você consegue.

A espera foi longa, mas ele conseguiu. Os olhos demoraram para se acostumar com a luz e enxergar o rosto de Alana com um belo sorriso sobre o seu.

— Oi. - Ela disse.

Ele juntou as sobrancelhas de uma maneira confusa e soltou a mão dela.

— Quem é você? - Disse rouco.

As palavras do rapaz destruíram a alegria que ela sentiu e levou para longe o sorriso como um vendaval.

— Como assim? - Era isso então? Ele não se lembrava dela, como ele mesmo já disse, "depois de tudo"? Os ombros da Doutora desabaram e ela se afastou com uma decepção gigantesca borbulhando em seu estômago.

Ele agarrou a mão dela de volta, com a pouca força que tinha, riu fraco e tossiu.

— Estou brincando.

— Seu idiota, imbecil. Eu odeio você. - A felicidade voltou em seu rosto e a palidez foi embora, agora suas bochechas estavam rosadas, até coradas um pouco demais. Inclinou-se e o abraçou, transmitindo o alívio que sentiu por ele estar bem.

— Como está minha filha? - Tentou debilitadamente corresponder ao abraço.

— Está bem, morrendo de saudades. Você tem que sair daqui logo para vê-la.

— Obrigado por não trazê-la. Não gosto que ela fique em hospitais. - Seu peito doía quando tentava se mover e sua voz soava baixa e dolorosa.

O Fim Do InvernoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora