Capítulo 14

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 — De todas as pessoas do mundo, porque tenho que ser presa justo com você?

— Essa Carmen gosta muito de você. Mas olhe pelo lado bom...

— Não tem lado bom, meu querido. - Disse irônica.

— Tem sim. Veja bem, aquela pistola é reserva, ou seja, não matei ninguém com ela...

— Ah, que ótimo. Onde você guarda a titular? No seu arsenal?

— Eles verão que ela é legalizada e nos soltarão. - Ignorou o comentário que ela fez. - O carro já não está mais atolado, ninguém mais está nos perseguindo, estamos vivos e levarei você em segurança para casa. Esse é o lado bom.

A Doutora revirou os olhos e bufou, andando de um lado para o outro enquanto ele continuava sentado esperando ser solto, com a ferida ainda doendo um bocado. Não durou muito, talvez algumas horas, e o policial que os prendeu se aproximou da cela para os soltar.

— Obrigado, Bruce. Eu já estava ficando com dor nas costas. - Pegou a chave do carro da mão dele e saiu da delegacia se espreguiçando. - Sabe como faço para voltar para a cidade?

A chuva já havia parado, o céu agora estava negro e estrelado.

— Vire à direita após passar pelo posto, você vai voltar para a estrada em que estavam, continue nela por mais uns nove quilômetros, vai passar por um motel com um letreiro azul, depois do motel pegue o retorno, não saia dessa estrada mesmo que demore, ela mesma levará vocês de volta. Mas tome cuidado, parou de chover, só que a pista continua molhada.

— Certo, muito obrigado, camarada.

Eles voltaram para o carro. O relógio marcava 00:21. Ela soltou um "graças a Deus" por estar indo embora e suspirou deitando a cabeça cansada.

Ian fez o que o policial mandou, continuou na estrada por um bom tempo. Viu de rabo de olho que a Doutora havia pegado no sono ao seu lado.

— Até que não é tão irritante quando está dormindo.

Avistou o motel com o letreiro azul. Finalmente, estava quase voltando para casa já. Estava preocupado com Angelina, se a babá tivesse ido embora, a filha estaria sozinha em casa e isso o apavorava.

Mas então o carro parou antes de atingir o retorno. Seu coração acelerou, "o que há de errado contigo, bebê?". Virou a chave. Mais uma vez e de novo. Nada. A moça despertou ao lado, também assustada.

— O que aconteceu dessa vez? Deve ser o carma mesmo, não é possível.

— Acho que acabou a gasolina. Não saia daqui, eu já volto. - E saiu fechando a porta atrás de si.

— Como se eu fosse a algum lugar. Você não manda em mim, seu assassino psicopata.

Ian foi até o motel, o único lugar ainda aberto naquele pedaço de fim de mundo. Entrou hesitante, não parecia um bom lugar para ser chamado de motel, mas até que era limpinho.

— Com licença. - Chamou a recepcionista. - Sabe me informar onde fica o posto mais próximo? Meu carro morreu ali fora.

— O mais perto fica a quatro quilômetros. Vá para a pista de retorno e lá encontrará um ponto de ônibus. Eles passam de hora em hora.

Ele já estava ficando fraco novamente. A ferida estava dolorida demais para continuar e carregar um galão de gasolina por quatro quilômetros. Voltou para o carro, abriu a porta do passageiro e se abaixou para conversar com a moça.

O Fim Do InvernoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora