Capítulo 7

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Lena estacionou o carro na rua ao lado do prédio de Kara, respirou fundo enquanto fechava os olhos sendo tomada pela enxurrada de lembranças. Aquele prédio que um dia foi quase como sua própria casa, agora não passava de um lugar carregado de lembranças.

Reprimiu as lágrimas.

Quantas vezes tinha ido ali? Suas mãos tremeram e teve que agarrar o volante com força, sabia que estava jogando todo o sacrifício de três não pelos ares, mas seu temperamento naquele momento não estava sendo um bom conselheiro e por mais que estivesse consciente disso, não podia evitar o turbilhão aflorado de sentimentos lutando dentro de si.

Talvez devesse ter feito isso desde o inicio, devia ter contado a Kara há três anos sobre as ameaças de Lillian.

Para ser justa consigo mesma, foi colocada em uma situação em que se viu sem muitas escolhas. Durante os anos por mais falta que tinha sentido de Kara, e como tinha sentido falta dela, mesmo assim, todas as vezes que via alguma noticia sobre um feito de Supergirl ou alguma matéria escrita por Kara Danvers, sentia que tinha feito o certo.

Kara pode usar seus poderes das duas formas, como reporte e como super-heroína.

Respirou fundo e abriu à porta do carro recebendo no rosto o vento frio da noite, a temperatura tinha caído assim como seu humor.

O porteiro do prédio levantou assim que a viu cruzar o saguão, o homem não demorou a reconhecê-la e com um sorriso amistoso e surpreso, ele levantou e se aproximando para cumprimenta-la.

— Senhorita Luthor, que prazer revê-la.

Com um sorriso educado, desses que tinha aprendido a usar ao longo dos anos para disfarçar o que realmente estava sentindo, estendeu a mão ao homem e torceu para que ele não notasse seu tremor.

— Como vai?

— Bem, bem! — O senhor coçou a cabeça grisalha. — Não se a senhorita Danvers está, quer que eu interfone?

Um nó se formou em sua garganta, estranho estar ali e não ter o acesso livre de antes e ser agora apenas alguém que precisava de autorização para ver a mulher que tanto amava. Era doloroso não ser mais a pessoa que podia entrar e sair quando quisesse daquele lugar, era doloroso ter perdido aquele direito.

Escolhas, disse a si mesma.

Tinha que aprender a lidar com a consequência delas.

— Por favor.

Esperou no canto ele se comunicar com Kara, mas já sabia que ela a mandaria subir. Kara era assim, não importava o tanto que ela estivesse chateada, Kara sempre optaria por ouvir, por conversar.

Podia ter contado a ela; as palavras martelavam em sua cabeça.

— Ela disse para a senhorita subir.

— Obrigada!

Olhou para seu reflexo no espelho no elevador, sua imagem para quem a visse era a de sempre; uma Lena arrumada e com postura inabalável, mas só ela sabia como estava quebrada por dentro.

Quantas vezes considerou aquela situação? Quantas vezes não ensaiou contar a Kara o verdadeiro motivo de sua ida? Não sabia o que esperar do final daquela conversa, mas estava tão exausta de tudo que independente do rumo que seguiriam a partir dali, sabia que era o necessário, ambas precisavam lidar com suas verdades.

Por mais dolorosas que fossem.

— Por que está aqui, Lena? — Kara disparou a pergunta assim que abriu a porta.

O rosto dela mostrava como ainda estava chateada, pior que isso, Kara estava magoada.

Unusual You - SupercorpWhere stories live. Discover now