15. O fim

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A justiça, como a beleza, depende dos olhos de quem observa. Alguns veem uma vítima inocente. Outros veem o mal encarnado, recebendo o que merece.

-Emily Thorne

ANOS DEPOIS...

— Existem demônios neste mundo, pessoas com uma capacidade absurda de realizar o mal e saírem impunes de seus atos. É por isso que a Gordon & Cia decidiu trabalhar com o exército americano, emprestamos nossa tecnologia e colaboramos para um futuro melhor.

Olhei para o relógio na parede do escritório. Estávamos na sucursal da empresa em Nova Iorque, recém-inaugurada após meu anúncio de que entraríamos para o setor tecnológico. Aos poucos a Gordon & Cia tornava-se global e eu conseguia construir um império que muitos não sacreditaram ser possível após os escândalos envolvendo a família Gordon.

O ponto alto da minha vingança foi culpar Caio, meu pai biológico, pelas ações do Caleb. Com isso, a polícia descobriu que foi ele quem esfaqueou Filipe (sabemos que a mando do meu tio) e essa revelação foi suficiente para que o sujeito fugisse do país e escapasse das consequências dos seus atos.

— Estou curiosa, senhor Ramires – disse a repórter, uma moça de cabelos ruivos e pernas longas que possuía um belíssimo sorriso. – Atrasado para algum evento? Não deixo de reparar que olha para o relógio de minuto em minuto.

— Nada importante, apenas aguardando o horário para encontrar meu irmão.

— Ah, sim, entendo – e ela logo mudou de assunto. – E me diga, é verdade que começou na Gordon & Cia como estagiário?

Sorri ao relembrar aqueles tempos. Ainda me recordava de tudo o que fui capaz de fazer e de como mudei desde então. Agora nunca pintava o cabelo, loiro combinava mais comigo, e a forma como os fios cresciam e batiam em meus olhos se assemelhava bastante ao visual de quando morava no orfanato.

— Sim, isso é verdade. Sou adotado, como deve saber, e com a herança deixada pela minha mãe biológica comprei ações da Gordon & Cia – suspirei fundo. – Foi na época das mortes causadas pelo Caio Gordon. Aparentemente, ele queria ser o único acionista da empresa. Sofri dois atentados. Em um deles meu pai foi esfaqueado e no outro meu namorado acabou morto...

David...

Não havia um dia em que não pensava nele.

Nunca tive outro amor. Confiar em outras pessoas, então, era inconcebível na minha vida atual. O único que deixei se aproximar foi Filipe e mesmo assim ainda existia um pouco de rancor pela relação dele com a minha mãe biológica.

— E por que manter o nome Gordon após todos os escândalos?

Por ego. Para mostrar a eles que fui capaz de destruí-los e reconstruir a empresa com minhas próprias mãos, pensei.

— Não vi necessidade alguma de mudar. A Gordon & Cia já era um negócio lucrativo quando entrei, acreditava de verdade no trabalho realizado por este lugar e quando virei o único acionista me ocupei em trabalhar duro para que o nome dela voltasse à glória. Acho que fui bem-sucedido nesse quesito.

Ela concordou, parecendo animada. Pelo visto se tratava de uma fã do meu trabalho, várias pessoas assim se aproximaram desde que fui considerado um dos jovens mais ricos do mundo.

Quando a repórter tirou meu livro da bolsa confirmei minhas suspeitas.

— Falando em sucesso, você escreveu Os 7 passos para o sucesso e disse que chegar ao topo não deve ser o único objetivo de um homem de negócios. Esse é meu livro de cabeceira, me fez abrir os olhos para muitas coisas.

Evil Boy (Romance Gay)Where stories live. Discover now