8. Retaliação

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— O que diabos foi aquilo, Bernardo? – David gritou alto, com os punhos fechados e o rosto vermelho de ódio. – Você ficou maluco?

Sabia que aquela seria uma conversa difícil. David era a única coisa boa na minha vida, não queria perde-lo, mas tinha planos que estavam acima de qualquer sentimento.

— Desculpa, deveria ter sido mais educado com o seu pai, mas ele me estressou e acabei contando a notícia de maneira brusca.

— Brusca? Não! Aquilo foi muito pior! – Ele passou a mão na testa, limpando o suor.

Estávamos no estacionamento da Gordon & Cia. A reunião dos acionistas durou menos de dez minutos para que todos se vissem livres de mim e me apressei em deixar o lugar na tentativa de escapar dos questionamentos de David. Salvo engano!

— Aquilo não pareceu com alguém que só estava irritado com o chefe – ele continuou. – O seu olhar... O jeito como falou! Parecia tudo meticuloso demais. E me assustou!

— Não era minha intenção.

— Pois está me assustando agora.

Ele me olhava nos olhos, mantendo certa distância. Percebi que ainda não tinha me desarmado. Falava com ele como se David fosse um inimigo em potencial. Baixei o olhar, envergonhado.

— O que você está fazendo, Ben? – Ele perguntou um pouco mais calmo.

— Nada! – Menti. – Gosto da Gordon & Cia e quando Francis comentou que a venderia decidi comprar. Foi simples assim.

— Francis falou com você? Quando?

— No almoço de ontem, fomos ao restaurante do Grill e ele contou que por conta da confusão da empresa iria se livrar das ações. Então decidi comprar.

— E onde conseguiu o dinheiro? – Ele insistiu, arisco.

— Minha mãe biológica. Ela me deixou uma herança e agora com dezoito anos tenho acesso a tudo. Pensei um pouco e decidi investir na sua empresa. É um lugar que significa muito para mim!

Olhei ele nos olhos, me fazendo de vítima pela desconfiança.

Vi os ombros de David relaxarem um pouco. Ele havia caído naquele papo furado.

— Isso é muito estranho – ele continuou. – Aquela vez, quando te conheci, você estava mexendo no computador do meu pai. Por favor, diga que não tem nada a ver com a divulgação dos arquivos.

— Querido... – me aproximei dele e o abracei. Toquei seu rosto e quis lhe beijar, mas David virou o rosto. – Não gosto que desconfie de mim. Quero ajudar a Gordon & Cia. Acho que sou capaz disso. Então por favor, não comece a achar que sou o inimigo.

Ele refletiu. Pareceu amolecer um pouco, mas senti que uma parte dele sabia a verdade e a ignorava. Assim como a maioria dos homens, David se deixava levar pela minha lábia.

— Desculpe... Tudo isso me deixa louco! A pressão do meu pai, dos acionistas, os problemas da empresa... É demais para mim!

— Te entendo – segurei sua mão e entrelacei nossos dedos. – Mas a partir de agora estou aqui para te ajudar. Confie em mim! Juntos vamos tirar essa empresa do buraco.

 Confie em mim! Juntos vamos tirar essa empresa do buraco

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Evil Boy (Romance Gay)Where stories live. Discover now