4. Reflexo

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— Daí ele chegou perto de mim e perguntou: "Você não tem namorado, tem?". Eu respondi: "Claro que não"! Sério, meus olhos brilharam com aquele deus grego parado bem na minha frente. Jurava que ele estava dando em cima de mim até ouvir: "Ah, que bom, porque meu amigo ali disse que gostou de você". Cara, juro que brochei na hora!

Ri alto, me divertindo com a história, enquanto David enxia a boca de cerveja e evitava rir ao mesmo tempo. Ele tocou meu braço de leve, de uma forma que fez meu corpo se arrepiar.

— E então? - Perguntei pelo final da história.

— E então peguei o amigo dele. Mas foi horrível. - Ele fez uma careta engraçada quando lembrou - O cara gritava durante o sexo. Não de um jeito sexy, acredite.

— Você deve ter dado motivos para ele gritar - aticei, com um sorriso no meio do lábio.

— Pode até ser... - Ele sorriu de volta, com um olhar safado - Mas a verdade é que não curto muito essas coisas, devo ter feito algo de errado, porque quando perguntei se ele estava bem o cara disse que cortei o clima e foi embora. Acho que não tenho muita sorte no amor.

Estávamos no bar e, após uma hora de conversa, agora conhecia David o suficiente para saber que era um cara legal.

Descobri que aos 20 anos ele cursou Comunicação Social por dois anos antes de desistir e fazer Educação Física, que trocou após um semestre por Engenharia Elétrica. Por fim, agora pensava em desistir do novo curso para ser escritor.

Sim, David podia ser perdido na vida, mas era um sujeito que gostava de dar atenção aos outros. O tempo todo me perguntou se eu gostei do lugar, abriu a porta do carro para mim e não parou de pedir desculpas pela forma como me tratou no escritório. Pelo o que entendi, estava furioso com o pai depois que descobriu que Ryan traía a mãe dele mais uma vez - o que não era uma novidade para mim.

— Acho que está um pouco tarde - falei. Tinha descoberto o suficiente dele por um dia e como não avisei meu pai que chegaria tarde, resolvi ir embora logo.

— Ah, não, mas a noite mal começou, Ben - ele mal me conhecia e já usava o apelido que Filipe me deu. Achei aquilo bonitinho. - Faz o seguinte, agora são quase 21h. Conheço uma boate no centro da cidade que é incrível...

— Não curto boates. Além disso, amanhã tenho aula.

— Eu também! Por isso prometo te levar de volta antes da meia-noite. Vamos lá. Sabe o que dizem: na companhia certa qualquer lugar é imperdível.

Aquele seu sorriso era como kryptonita. Estava mais do que claro que ele queria algo comigo - seja namoro ou foda de uma noite, o que sabia que amizade não era uma das opções.

Pensei se deveria ou não entrar naquele jogo.

Senti sua mão alisar meu braço e sorri. Se me conhecesse um pouco mais ele saberia que aquilo era brincar com fogo.

— Tudo bem - aceitei, por fim.

David levantou os braços em sinal de vitória e quase deixou a cerveja cair em cima da mesa.

Ri de verdade com aquela atrapalhada, mas não me deixaria levar pelo charme daquele garoto. Se fosse ficar com David, seria do meu jeito.

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Evil Boy (Romance Gay)Where stories live. Discover now