10. Perdão

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Deixei o escritório com um novo objetivo de vingança em mente.

Foi muito fácil fazer a polícia alcança Lilian. Francis já tinha muita coisa relacionada ao desvio de dinheiro que ela fazia na empresa guardada. O resto foi apenas buscar base em pequenas denúncias de roubo e falcatruas que a mulher estava afogada até o pescoço e juntar tudo em um bolo que foi entregue para a imprensa e a polícia. Quis estar perto para testemunhar a cena e o que senti quando ela foi presa foi muito pouco.

Depois do que fizeram com o meu pai, eu queria mais! Queria que eles sofressem mais do que sofri, do que a minha mãe sofreu, do que Filipe sofreu! E­stava na hora de ir além na minha vingança, e por isso fiquei toda aquela semana planejando que Lilian fosse a primeira a testemunhar esse novo capítulo.

Deixei a Gordon & Cia quando a poeira baixou. Peguei o elevador e desci para o estacionamento. Não havia mais aquela felicidade de ter tido êxito em destruir a vida de alguém. Afinal, eu mal tinha começado.

— Ben! – ouvi David atrás de mim e fechei os olhos. Droga de garoto que não me deixava em paz!

Fingi não ouvir, apenas continuei a andar até que ele correu para me alcançar.

— Bernardo! Por favor, me espera.

— O que você quer?

— Você sumiu! Seu pai morreu e não falou nada comigo até agora, você desapareceu! O que está acontecendo?

Revirei os olhos.

Sei que não era certo o que estava fazendo com ele. Eu estava no clímax do desespero, meu pai foi esfaqueado igual a minha mãe e a culpa dessa vez foi toda minha.

— Você leu a minha mensagem – falei, sucinto. – Vá para a minha casa mais tarde e nós conversamos.

— Não! Ben, por favor, explique de uma vez por todas o que está acontecendo...

— Me solta! – falei, quando ele segurou meu braço para evitar que eu entrasse no carro. Olhei para ele de um jeito animalesco.

— Desculpe – David me soltou, mas se colocou a minha frente para que eu não fosse. – Bernardo, me dá uma resposta. O que fiz para você agir frio desse jeito comigo?

Você, nada. Mas o monstro do seu pai...

— Já disse que vamos conversar depois.

— Sei que está sendo difícil. Mas me deixa cuidar de você – ele tentou tocar meu rosto, mas me afastei. – Por favor, não faz assim.

— David, preciso de verdade falar com você. Mas não agora. Nesse momento quero que fique longe de mim ou não respondo pelas minhas ações! – tentei passar, mas ele continuou no mesmo lugar. Senti suas mãos pegarem meu braço e me levarem para perto dele. Seus lábios se aproximaram e quase cedi. Felizmente voltei a realidade a tempo e o empurrei com força. – Depois de hoje a noite vou te contar a verdade. E é você mesmo quem vai me querer longe.

A cara que ele fez foi de dúvida.

— Como assim?

— É só ir que verá.

Aproveitei a brecha que ele me deu para sair dali e entrei no carro. Dei a partida falando para mim mesmo que de agora em diante David era carta fora do baralho, não tinha mais utilidade. Por isso era preciso me livrar dele antes que se tornasse um problema.

Estava com isso na cabeça, até que abri o vidro do carro e ouvi o grito dele quando eu estava para sair dali:

— Eu não vou desistir de você! – ele afirmou. – NÃO VOU!

Evil Boy (Romance Gay)Where stories live. Discover now