11. Novo ataque

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— Desculpe, querido – falou meu pai, indo para a geladeira e pegando uma lata de cerveja.

Guardei a arma e a minha mochila em cima da mesa e me sentei ao seu lado, me desfazendo do sapato desconfortável.

— David estará aqui às onze. Não se esqueça de ficar no quarto do pânico, ok? Ele não pode saber que você está aqui.

— Não vou te atrapalhar, sabe disso, mas não posso ficar escondido para sempre. Rebeca e seu irmão devem estar preocupados.

— Eles sabem que você está bem.

Bufei, impaciente. Ele era bonzinho demais, ia acabar se colocando em perigo novamente caso não tivesse cuidado.

Filipe viu minha cara feia e sorriu. Me abraçou, sentou-se comigo no sofá e levou meu corpo para junto dele, colocando a minha cabeça em seu colo e acariciando meu cabelo. Deixei que ele fizesse aquilo, mas continuei com a carranca.

— Você é muito teimoso – reclamei.

— Você também, senão teria desistido da Gordon & Cia como te pedi.

— Não começa, pai – Respirei fundo. – Agora que consegui a confirmação de que Ryan contratou o cara que te esfaqueou...

— Por favor, não quero falar sobre isso. – ele continuou acariciando meu cabelo. – Sabe, acho que está na hora de parar de pintar sempre, você ficaria bem de loiro.

— Meu cabelo está bom do jeito que está – saí do colo dele e voltei a calçar meu tênis. – Merda, eu tô atrasado. Tenho que ir logo antes que David chegue aqui.

Meu pai se levantou, estranhando aquilo.

— Não vai esperá-lo?

— Não. Só vim deixar uma coisa – tirei meu celular da mochila e o coloquei em cima da mesa, tirando um papel do bolso e assinando um bilhete.

— Posso saber o que diz aí?

— Dentro do celular tem um vídeo que vai "cair" na internet hoje à noite – falei, com um sorriso de satisfação. – Acho que devo ao David que ele veja antes de todo mundo comentar.

— Ahhh, filho. Não faz isso. Aquele garoto te ama.

— Não vivo de amor, pai. Já te expliquei tudo, contei por que estou fazendo isso e como te coloquei em perigo. Tenho que terminar antes que mais alguém se machuque, por isso estou agindo tão rápido.

Ele cruzou os braços, sem jeito.

— E a mulher, que você visitou hoje? – perguntou. – O que fez com ela?

Hesitei em responder.

Ter o meu pai a par de tudo era difícil. Estava acostumado a guardar as coisas, mas devia a ele a verdade.

— Ela está viva. – Contei, revirando os olhos. – Mas está em cirurgia nesse instante, mal o suficiente para não contar a ninguém o que fiz até que eu possa me reestruturar.

— Bernardo... Isso é muito perigoso.

— Estou acabando com os Gordon, pai. É isso o que importa. Destruí o útero dela, se tudo der certo a mulher nunca mais poderá ter filhos. O mundo me deve uma: menos um monstro para andar por aí.

Peguei minha mochila de volta e as chaves da van.

— Fique no quarto do pânico! David irá entrar, verá o vídeo, vai sair me odiando e ficarei livre dele para sempre – e então peguei a arma de volta. – Agora, se me der licença, tenho mais um demônio para enfrentar.

Evil Boy (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora