Cap. 50

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No dia seguinte... 12/04/2018

Abri os olhos lentamente, minhas pálpebras pesavam. A luz radiante do sol invadia as frestas da persiana, dificultando a minha visão. Olhei ao redor. O quarto é diferente dos que eu estou acostumado a estar.

- Bom dia...

Uma voz feminina conhecida diz em um tom sexy. Ao menos, tentou. Assim que meu olhar parou na porta, minha expressão mudou em fração de segundos.

- O que está fazendo aqui? - Me levanto arqueando as sobrancelhas.

- Aqui é minha casa, bebê.

Após dar uma conferida na cama amarrotada, a persiana na janela, e tudo o que eu já tinha visto antes...

- O quê aconteceu aqui, Beatrice? - Digo pausadamente, tentando manter a calma.

- Você não se lembra? Nós ficamos e... - sorriu - foi tão bom!

- Nós o quê? - Praticamente grito.

- Ué, você parecia estar gostando - risos.

Posiciono as mãos na cabeça. Como aconteceu? Não pode ser verdade.

- Olha para seu corpo.

Eu estava, literalmente, só de cueca. Ao voltar a observar a loira, percebe-se que ela também só veste suas roupas íntimas; calcinha e sutiã.

- Não! Não é possível! Como assim? Cadê o Miguel?

- É, meu amor, aconteceu. Era para acontecer. Miguel já está na escola, você acordou tarde, anjo.

- Chega! Dá pra parar de dizer essas coisas como se o que aconteceu aqui fosse comum? Como se eu realmente fosse algo seu?

- E agora não é?

- Eu vou me casar. Vou pedi-lá em casamento, se toca!

- Você acha que ela ainda vai querer algo contigo?

Seu sorrisinho era diabólico.

- O quê você... - semicerrei os olhos - Não! Você não fez isso...

Começo a catar e vestir as minhas roupas jogadas no chão. O meu ódio era tão visível que eu sentia meu rosto queimar.

- Não vai se...

- Me erra! - Passo por ela a mil. Eu precisava me encontrar com Sarah e... sei lá, eu não sei o que dizer, nem sei o que aconteceu, eu não me lembro de NADA. Mas precisava dizer a minha versão.

Ela não precisa entender, ao menos escutar o que tenho para dizer, somente. Queira ela acreditar ou não na minha versão. Até porque, no meio dessa situação, eu acho que faria o mesmo. Liguei várias e várias vezes para seu celular, nenhum sinal de vida dela. A música do rádio já estava me irritando, o que me fez dar um soco no mesmo. Não aconteceu nada demais, ele era forte o suficiente para tal ação, o que me deixou ainda mais irritado. Eu queria destruir algo, descontar a minha raiva, a minha angústia. Tudo o que eu vivi está acontecendo de novo, mas, agora, o protagonista sendo eu. Aliás, não consegui ver meu filho, a causa pela qual eu fui até sua casa. Mas é óbvio! Estava claro esse tempo todo que ela armou para mim. Esse negócio de ir na casa dela, a noite, eu deveria ter sacado antes.

Estaciono o carro de mal jeito em uma região abandonada afim de tentar me dispersar um pouco. Avisto alguns latões de óleo na cor azul e um pouco enferrujados, foi o suficiente para que a vontade de descontar toda a minha raiva viesse a tona. Ao me aproximar, chutes e golpes foram distribuídos. Eu me lembrava de cada palavra da boca imunda daquela loira para acertar mais uma vez algum daqueles latões. Eu percebi que extravasei quando vi um corte grande nas costas da mão direita e uma vermelhidão, quase roxa, na outra. É isso que ela quer. Me destruir! Ela quer fazer da minha vida um inferno, assim como fiz a dela, segundo a mesma. Me auto-destruir não vai adiantar, eu deveria saber disso. No entanto, foi a forma que encontrei para afogar minhas mágoas antes de bater em qualquer pessoa que não tivesse nada a ver com a situação.

Meu Caveira (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora