Cap. 34

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Sarah Andrade Narrando.

Eu não acredito! Outra vez eu fiz papel de trouxa. O quê você achava, Sarah? Que de um dia para o outro sua vida ia mudar e de repente um cara iria surgir? Calma, Sarah, não era um encontro para saber o que aconteceria daqui para frente. Felizmente (ou não).

Mas do que adianta? Gastei horas me arrumando para no fim ele não aparecer. Como fui tola!

Entrei no quarto novamente. Meu olhar parou no espelho ao meu lado. Eu não estava de se jogar fora. Duas horas arrumando o cabelo, mais umas três para decidir a roupa e os acessórios... não estou acreditando. Tirei as pulseiras, o meu colar com um pingente de coração no meio, meus brincos de pressão (tenho alergia), e lancei minhas sandálias num canto qualquer. A minha jeans escura e o cropped vermelho de babado que eu estava vestida, logo param no fundo do guarda-roupa de novo. Arranquei de lá uma camisa enorme que eu tinha, normalmente eu uso ela quando estou em casa.

A chupeta em cima do criado-mudo me lembrou dela e do que eu tinha que fazer.

Cadu Sampaio Narrando

Se passaram uns trinta minutos de conversa com meus melhores amigos. Ainda assim, eu sentia um buraco, um vazio. Sabe aquela sensação de aperto no coração, mas que não tem explicação?

— Então, Cadu está flertando com uma Perita da Cívil — minha irmã diz com orgulho, como se tivesse feito parte do processo.

— Que cara é essa, Cadu? Parece que viu um fantasma — Luís ri.

— Eu não fui no encontro com ela! Putz! — Coloco as mãos no rosto e me afundo mais ainda naquele travesseiro grande de hospital. Eu não acredito que deixei ela esperando. — Thaí, me empresta seu celular, preciso pedir desculpas para ela.

Sem questionar, a caçula entregou o celular.

— Ficaremos lá fora para que vocês conversem melhor — minha mãe informou antes de passar por aquela porta. Apenas assenti com o celular já na orelha.

Só chamava. Eu juro que estou com raiva de mim mesmo. Por que justo ontem eu tive essa recaída? Não poderia ter sido... sei lá, qualquer outro dia?

Alô? — Era ela. Com certeza havia acabado de acordar e não verificou quem era no visor.

— Sarah... em relação a ontem...

— Cadu, deu, tá? Não precisa ficar dando desculpas. Se você não quiser se encontrar comigo, é só falar. Não precisa deixar de aparecer e me fazer de idiota.

— Não, eu não quis fazer isso.

— Melhor nossa relação ser como uma verdadeira Perita da Cívil para um Caveira do BOPE, ok? Será assim a partir de agora. Se por ordem do destino eu ter que investigar seu Batalhão ou os policiais de lá, aí sim nos falamos.

Pi. Pi. Pi. Pi.

Ela desligou. Então é isso? Eu magoei a Sarah e nunca vou me perdoar se ela não me olhar mais na cara. O que eu poderia fazer para sairmos desse gelo?

— Cadu Sampaio, bom dia.

— Bom dia — forço um sorriso para o médico que acabará de adentrar o quarto com uma prancheta na mão.

Meu Caveira (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora