Cap. 10

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Mais tarde...

— Coração não é tão simples quanto pensa... — após cantar essa parte eu já vejo que Miguel estava dormindo a muito tempo. Deixo ele na sala com o tio, já que como eu disse, o quarto ainda está meio inválido para ele.

Fui até a varanda, se é assim que posso chamar. Bia estava sentada no murinho que dava visão para a rua.

— Pensando alto? Desculpa, não queria assustar.

Ela sorri.

— Não, relaxa, eu precisava de alguém para conversar.

— Conversar? Sobre o quê? Aconteceu alguma coisa?

— Não, não se preocupe. Conversar sobre a vida mesmo. Sabe, é tão bom ver as coisas fluindo. Você a cada dia consegue realizar um sonho seu. A cada dia uma criança sai feliz de meu consultório, segundo os pais, por brincadeiras que faço, minha simplicidade, o carinho que tenho com cada um de meus pacientes mirins.

— Eu tenho orgulho de ter te visto se formar em medicina, ver você se tornar essa grande e maravilhosa doutora — distribuo vários e vários beijos em seu rosto.

— Eu te amo demais, já disse hoje?

— Já, mas pode dizer quantas vezes quiser — beijo seu pescoço.

— Eu te amoooo!!! — ouço sua risada gostosa.

Alguns minutos se passaram em silêncio total, ela finalmente decide quebrar o mesmo.

— Hoje vou sair com uma amigas, está bem?

— Hum... Mim sente ciúmes — risos. — Tudo bem. Vai pra onde?

— Vou numa casa de shows que inaugurou essa semana. São amigas de trabalho, vamos aproveitar nosso dia de folga.

— Divirta-se.

— Obrigada. E você, o quê vai fazer?

— Ah, nada. Vou cuidar de Miguel, só. Aproveitar e ficar mais tempo ainda com ele. Daqui a pouco começo a trabalhar e ficar um dia inteiro sem vê-lo, isso vai me matar, já sinto.

— Relaxa, você é moh paizão para ele. Miguelzinho tem muito orgulho de ter você como pai.

Sorrio. Será mesmo? Será que quando ele crescer vai se lembrar desses momentos em que estive longe e voltei sendo um caveira? Acho que não, né? Ele é muito pequeno.

— Pretende ter mais filhos?

Ela me olhou, parecendo tentar descobrir o que se passava pela minha cabeça no momento, ainda em silêncio.

— Não, não por ora. Acabamos de nos estabilizar nos nossos trabalhos, não seria legal largar tudo que acabamos de conquistar, no nosso auge, para um filho agora. Quem sabe mais para frente, quando estivermos com mais experiência e em cargos melhores, até Miguel vai estar maior, vai ajudar a cuidar — assinto.

— Eu acho tão legal esse negócio de bodas, sabe? — dou risada comigo mesmo.

— Ah, já quer conquistar a primeira, é? — risos.

— Não só a primeira — nos beijamos mais uma vez.

— Você é inexplicável.

— Hum?

— É, você é muito... Um homão, apenas isso.

No dia seguinte...

Tomei um banho relaxante e arrumei minha bolsa. Seria o dia em que conheceríamos o Batalhão, os caveiras, cada parte e como funciona. Me olhei no espelho com a farda e os acessórios, fazendo uma pose de modelo.

Meu Caveira (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora