Avril resmungou um "engraçadinho" antes do homem se afastar, esperando Steve no corredor vazio, já que imaginava que ele fosse enrolar o máximo possível para obedecer a ordem da mulher. Ele tentou convencê-la com os olhos para permitir sua presença, mas ela estava decidida. Na verdade, a cada segundo a mais que passava olhando para o soldado, mais certeza tinha de que ele precisava de um tempo afastado, de um pouco de sono em um local mais adequado. Um tanto incerto, Steve se debruçou sobre a maca da mulher quando se levantou, depositando uma mão com cuidado sobre sua nuca, em um toque tão delicado que Avril chegava a questionar se realmente existia. Mesmo assim a hesitação estava muito bem expressa em seus movimentos, até mesmo quando seus, lábios encostaram de leve na testa agora sem machucados da mulher, que apenas pode sorrir com o gesto. Quando se afastou sem pressa, Steve ainda buscou um sinal de que ela desistira da ordem, suspirando vencido e deixando os ombros caírem quando Avril murmurou um calmo "boa noite".

- J.A.R.V.I.S.? Como está o resto da equipe? – perguntou Avril, assim que Steve deixara o quarto, e ela voltou a se deitar.

- Os únicos comprometidos em combate foram você e o Sr. Ivanov. O Sr. Stark apresentou problemas com ansiedade no trajeto e assim que retornaram à Torre. O restante da equipe está sob as melhores condições que a situação permite.

- Todo mundo uma pilha de nervos? – arriscou a mulher.

- Acredito que se pode dizer isso, senhorita.

- Pode avisar para o Barton e para o Rogers que se eles não forem para seus respectivos quartos nesse exato momento, eu vou subir e arrastar os dois? – pediu ela, a voz mais abafada ao se virar de costas para tentar ajeitar seu travesseiro, que agora mais parecia uma pedra de tão desconfortável.

- O Sr. Barton pediu que eu ressaltasse que você não deveria estar utilizando seus poderes, senhorita.

- Não estou. Só sei que os dois idiotas não iriam me obedecer logo de primeira – suspirou ela cansada, olhando para todos os fios que a ligavam a máquinas, outra fonte de desconforto – Chame uma enfermeira, por favor. Esse monte de coisa ligada em mim está começando a me irritar.

Não demorou muito para que uma das enfermeiras de plantão entrasse no quarto, lhe enchendo de perguntas que ela sequer lembrava das respostas que dera. Algumas talvez fossem pelas mentiras para que fosse liberada da monitoração, e Avril se agradecera mentalmente por ter insistido em expulsar Steve do quarto, ou teria sido descoberta. Ela até conseguira tirar um cochilo considerável depois de um tempo, acordando mais tarde com aquela sensação ruim no peito de que as coisas estavam prestes a desandar e tudo que ela podia fazer era observar. Maldito estresse pós-traumático. Uma fina cama de suor já frio cobria seu rosto, e somado à boca seca, Avril se viu obrigada a se levantar para pegar água.

Demorou mais do que ela se orgulhava para sentir firmeza em suas pernas, para garantir que elas não iriam simplesmente ceder assim que deixasse de apoiar seu peso na maca, e demorara ainda mais para se arrastar até o armário onde duas jarras de água fresca estavam. Até que o corpo de Avril estava dando uma boa resposta, todos os músculos obedecendo a seus comandos – até ela tentar segurar a alça da jarra e seus dedos moles deixarem que ela tombasse na bancada. Fosse o barulho da jarra caindo ou Avril praguejando baixo, mas a movimentação despertara um dos pacientes do quarto, que acordara agitado.

Tony murmurava pedidos de ajuda desesperados, tentando se livrar do lençol que o envolvia e apenas se enrolando ainda mais.

- Ei, respire. Devagar – pediu ela com calma, deixando a mão apenas apoiada no ombro do homem. Ele ainda se debatera mais algumas vezes até localizar a fonte da voz, sentindo dificuldades para identificar o rosto no ambiente com pouca luz – Não queria te acordar, desculpe.

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