Capítulo 39

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Sons aleatórios preenchiam seus ouvidos, que não condiziam com a pouca informação que conseguia pegar no ar que a cercava. Prestando um pouco mais de atenção, ela conseguiu distinguir o ruído de folhas secas sendo esmagadas, sons de disparos, alguns gritos e o som de seu batimento irregular ecoando em seus ouvidos. Um choro alto foi o que fez com que Avril voltasse a ter controle sobre seu corpo, tentando se sentar em um movimento rápido, mas falhando por algo a segurar.

O ambiente estava quase que por completo escuro, com exceção das máquinas que monitoravam pacientes, e a luz forte do corredor do prédio que mal entrava no quarto. Entre as coisas que a mantiveram no lugar, estava o tubo que conectava o acesso em uma de suas veias à bolsa de soro, os diversos eletrodos que monitoravam seus batimentos cardíacos, e o musculoso braço de alguém.

- Avril, sou eu. Steve – se apressou uma voz próxima a dizer, a segurando firmemente contra o colchão, sua respiração também descompassada pela movimentação repentina. Quando a mulher fechou os olhos e voltou a depositar a cabeça no travesseiro, o soldado arriscou olhar para o outro lado da cama, encontrando um arqueiro praticamente desmaiado, dormindo até de boca aberta. Steve até chegou a sorrir descrente. Sabia que ele não ia aguentar mais ficar acordado por muito tempo – Você está em casa. Está tudo bem.

- Pete...? – disse ela com a voz engasgada, fraca e falha pelo que deveria ter sido alguns dias sem uso.

- À sua esquerda. Pai à direita.

- O que aconteceu com Tony? – perguntou a mulher um tanto desesperada, sem saber para que lado olhar. À sua esquerda, ela encontrou o irmão dormindo tranquilamente em outra maca, com Clint em uma situação parecida em uma poltrona para visitantes. De seu outro lado, atrás da poltrona de Steve, seu pai dormia abraçado a um travesseiro, sem nenhum tipo de aparelho ligado a seu corpo, diferente dos mais novos da família.

- Você quase morrendo de novo? – arriscou Steve rindo, embora sua voz não tivesse nenhum humor. Ela sequer precisava se esforçar para identificar o cansaço em seu timbre, ele estava exposto em seu rosto – Ele não tem mais o reator no peito, Av. Você está testando o coração dele e ele não pode mais trocar as baterias. Você está ficando muito boa em matar a gente de susto.

- E os imprevistos estão ficando cada vez piores – acrescentou ela, forçando as palmas das mãos no colchão fino para se sentar, logo sendo repreendida pelo soldado.

- Av, fica deitada...

- Há quantas horas vocês estão aqui?

Steve olhou rapidamente para o relógio, tentando calcular algum espaço de tempo que não o deixasse em problemas, mas os números sequer fizeram sentido para ele no momento. Seu cochilo nos últimos cinco minutos não havia ajudado em nada o seu estado.

- Algumas...

- Vai para o quarto, dormir um pouco para variar. Vocês dois – ordenou Avril, se inclinando para dar um tapa de leve no ombro de Clint, que acordou sem saber o que acontecia – Eu cuido deles. Eles são meu problema, afinal das contas.

- Você precisa de cuidado também, Av – argumentou Steve, com as perguntas confusas do arqueiro de fundo sonoro.

- Preciso saber que todo mundo está bem, e isso inclui vocês. Podem negar o quanto quiserem, sei que os dois estão há dias sem dormir direito – insistiu ela, e Clint foi o primeiro a se dar por vencido, suspirando alto antes de se levantar da poltrona que ele temia já ter se tornado parte de seu corpo – Por favor, vão descansar.

- Ouviu a garota, Capitão – brincou o arqueiro, se debruçando sobre a cama para beijar o rosto da mulher enquanto afagava seus cabelos completamente fora de ordem e cheios de nós – Bom te ver acordada, para variar.

The Real SideWhere stories live. Discover now