Capítulo 20

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Mesmo já sendo um pouco tarde, o prazo que Fury dera não foi cumprido graças ao trânsito até a Torre não estar dos melhores. Afinal, aquela era a cidade que nunca dormia.

Com os braços fortemente travados ao redor do soldado, Avril estava com todo o tronco colado às suas costas, inconscientemente acompanhando o ritmo calmo de sua respiração. Era surreal perceber o quanto ela estava dependendo do homem nos últimos dias, e quanto dependeria até que essa tal reunião fosse encerrada. Parecia mais uma piada de mau gosto: o protegido, na verdade, era o protetor.

Ela estaria muito demitida se Fury descobrisse.

Com o tempo, a Torre deixou de ser uma imagem ao horizonte e logo eles entravam no estacionamento. Avril não pode deixar de perceber que o "Stark" do projeto original havia sido substituído por um "A" dentro de um círculo, símbolo que agora representava a equipe. Em algum momento das últimas semanas ela se lembrava de Tony comentar algo sobre as mudanças na Torre, talvez até mandado alguma imagem que ilustrava algumas reformas, mas não conseguia se lembrar como as coisas funcionavam no prédio. Bruce Banner estava passando uma temporada lá, disso ela tinha certeza, mas não sabia no que eles trabalhavam.

A falta de certezas estava começando a irritar.

– Respira, Stark – riu Steve, virando a cabeça levemente para trás para lançar um olhar calmo à garota, vendo a garota soltar todo o ar de uma vez – Vou estar por perto o tempo todo, nada vai acontecer.

Avril não respondeu, apenas fechou os olhos quando o soldado deixou sua mão quente sobre as suas frias que ainda estavam travadas na boca de seu estômago. Se não fosse a atmosfera pesada, a loira teria admitido que as costas de Steve realmente eram confortáveis.

– Estou aproveitando meus últimos momentos de criança chorona – suspirou ela, se desatando de Steve e descendo da moto primeiro – Assim que pisarmos naquele elevador eu tenho que pelo menos tentar agir como a "agente".

– Você se refere à postura ou o número absurdo de mentiras por segundo? – resmungou Steve, não querendo soar tão incomodado, mas falhando absurdamente.

– Se você realmente vai entrar nessa comigo, vai ter que me acompanhar, Rogers – disse ela, com os braços cruzados e cenho franzido. Sua voz era para ter sido bem mais firme, mas a verdade era que ela não queria ter que arrastar o homem consigo nessa. Ele podia ser o Capitão América, mas estaria em sérios problemas caso a S.H.I.E.L.D. soubesse que ele estava a acobertando. A última coisa que Avril queria era prejudicar alguém que só a ajudara sem pedir nada em troca – Vou entender se quiser dar para trás. Ainda dá tempo.

Steve mostrou um dos sorrisos mais doces que a loira vira em toda vida, permanecendo em silêncio até estar devidamente em pé a sua frente, com os olhos travados nos dela. O receio que a garota demonstrava era quase palpável de tão intenso, e o homem quase se sentiu mal por demorar tanto para dizer qual era sua escolha, mas era inevitável: cada vez com mais frequência ele se via mais intrigado por aquela garota peculiar que parecia prestes a ter uma parada cardíaca caso ele passasse mais tempo em silêncio. Aquele último gesto de preocupação dela a seu respeito havia o pegado desprevenido. Além de apenas ter aumentado ainda mais seus motivos para não desistir da garota.

– Estou contigo até o final, Av – sussurrou ele, passando uma mão pelos cabelos claros da garota, parando em seu ombro, o apertando de leve para transmitir mais segurança – Não vou sair do seu lado. Não importa o que aconteça.

Avril apenas sorriu e assentiu.

– Boa noite, Cap. Rogers! – exclamou um dos seguranças do prédio ao longe, que há alguns instantes assistia a cena – Apenas a sua entrada é permitida, senhor. Importa-se em dizer quem é sua amiga?

The Real SideWhere stories live. Discover now