Capítulo 7

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Avril se jogou em sua cama, exausta. Nunca pensara que seu pai seria obrigado a ficar em seu ambiente de trabalho, ainda mais trabalhar com ele. Era só uma questão de tempo algum retardado esquecer e chamá-la por agente, colocando todo o seu empenho em manter aquilo segredo em risco. No fundo, não tinha muito que Tony pudesse fazer caso descobrisse sua ligação com a S.H.I.E.L.D. Ele poderia espernear o quanto quisesse, mas Avril não estava mais em seu campo de controle há muitos anos. O único problema era todo atrito que aquela revelação acarretaria, a forma como o relacionamento já conturbado de ambos desandaria ainda mais. Tony era, afinal, uma figura que poderia ser útil para a agência, e ela seria a pessoa mais indicada para trabalhar ao seu lado, como agora.

– Senhorita Stark? Sou eu, Coulson.

Depois de a garota murmurar um "entre", o homem abriu a porta, já suspirando cansado ao avistar o anterior. O quarto da jovem agente estava uma completa bagunça, assim com seus pensamentos.

– Você não deveria estar com seu pai e o grandão? – perguntou Phill, sentando-se ao lado da garota.

– Sabe, chega ser maldade chamar o Banner de grandão – resmungou Avril, com uma careta – Ele parece uma criança assustada. E o Dr. Banner pode achar o Tesseract sozinho. Ele não precisa da ajuda do meu pai, muito menos de mim.

– Para você achar o cubo, só precisa se concentrar – lembrou o homem – Mas Fury disse que você está bloqueada.

– Esse cara, Loki – desdenhou a garota. Avril perdera o controle sobre sua mente e não gostava nem um pouco disso. Não saber o que poderia acontecer a deixava assustada.

Em um gesto de empatia, Phill colocou a mão no topo da cabeça da garota, bagunçando seus cabelos um pouco antes de se levantar para deixar o quarto.

– Você precisa se distrair, agente Stark – aconselhou o homem, parando quando abriu a porta para olhar para Avril mais uma vez – Ficar tentando furar o bloqueio só vai te deixar mais desprotegida... Capitão Rogers.

Avril pulou de sua cama e se juntou ao seu superior, ainda em tempo de ver Steve com uma expressão confusa. Ele não ouviu. Ele não ouviu... Steve segurava um comprimido.

– Espero que você melhore, senhorita Stark – disse Phill antes de sumir pelos corredores da nave. Ele não ouviu. Ele não ouviu.

Steve continuou com a mesma expressão confusa, abrindo a boca várias vezes seguidas sem emitir som algum.

– Desculpe, senhorita, mas... – murmurou o loiro – Você... Você é uma agente daqui?

O desespero tomou posse da garota, que fez a primeira coisa que lhe veio à cabeça: puxou Steve para seu quarto e trancou a porta.

– Capitão Rogers – começou Avril, sua respiração descompassada sendo o oposto da imagem que queria transmitir – Ocorreu um mal-entendido. Não trabalho para a S.H.I.E.L.D.

– Então por que você está tão nervosa é... – o rosto de Steve adotou um tom mais rosado – ... e por que me trancou no seu quarto?

Avril fechou os olhos. Ele ouviu, afinal.

– Você poderia, por favor, não comentar esse mal-entendido com meu pai? – pediu ela, seu sorriso saindo um tanto estrangulado. Aquilo não podia estar acontecendo. Com tantas pessoas que não gostavam em um mesmo veículo, logo Coulson tinha que pisar na bola?

– Por que seu pai não pode saber que você trabalha aqui? – perguntou Steve, uma confusão em seus olhos que beirava a curiosidade. Avril estava começando a perder a paciência, desacostumada a ter que agir sem a certeza de que suas ações seriam bem-sucedidas. Sem muita delicadeza, ela empurrou o homem para fazê-lo se sentar em sua cama, enquanto ela puxava a cadeira de sua escrivaninha.

The Real SideWhere stories live. Discover now