Capítulo 31

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Das duas uma: ou Avril sabia ser muito convincente, ou toda equipe tinha silenciosamente concordado que ela precisava respirar um pouco. Mesmo que quisesse acreditar na primeira opção, a segunda parecia mais próxima da realidade.

O fato era que ela precisava falar com Sam – estava adiando há certo tempo algumas atualizações no software do traje que precisava fazer, assim como testes com alguns protótipos em que estava trabalhando. Só que o ideal seria o homem ir até a Torre por questões de material de trabalho, e Avril dissera que ela iria até ele, em Washington. Por mais estranho que parecesse, ninguém se opôs a ideia, o que a deixou um tanto desconfiada. Não era exatamente como se ela não conseguisse retornar às pressas caso alguma missão importante aparecesse, mas era no mínimo inusitado ela deixar a Torre com aquela desculpa.

Depois de anunciar sua ausência, Avril retornou para seu quarto para trocar suas roupas por algo mais discreto. Desde a volta da HYDRA, o nome da S.H.I.E.L.D. causava certo alvoroço sempre que aparecia em qualquer lugar, então talvez fosse melhor não sair em público com seus antigos uniformes. Além de precisar parecer o menos possível com ela mesma: discrição era pré-requisito para deixar o prédio sem causar confusões, e as pessoas naquele país não estavam habituadas a vê-la com roupas mais gastas e simples, o cabelo preso de qualquer jeito e grandes óculos de lentes transparentes no rosto. Se Avril fechasse os olhos e se esforçasse um pouco, era como estar de volta a Oxford.

Para ganhar tempo, Avril optara pelo voo ao invés das longas horas dirigindo. Um jato particular estava pronto e a sua espera quando a mulher chegou no aeroporto, não demorando muito para que logo estivessem no ar. Avril passara a maior parte do trajeto conversando com Steve, até que ele resolveu gastar um pouco de seu tempo livre na academia com Natasha, e ela pode voltar a passear pelas redes sociais e descobrir o que acontecia no mundo, distraindo um pouco sua mente de tudo que exigia sua atenção nos últimos meses. Não apenas agora a HYDRA estava ficando melhor em se defender como também o incidente em uma das últimas missões se recusava a abandonar seus pensamentos: por que diabos ele não tinha disparado? Um tiro no ombro não a mataria, mas ao menos ele teria tido alguma vantagem sobre ela, se não pretendia matá-la. Mas por que não matá-la? Eles não seriam idiotas o suficiente de querer mantê-la como prisioneira, certo? O que eles poderiam ter para acreditar que poderiam tê-la sob controle? Certo, eles estavam com o cetro de Loki, mas Avril já o superara uma vez, não deveria ser um empecilho. Pelo menos era nisso que ela queria acreditar. E ficar alimentando aquela paranoia com certeza era uma péssima ideia que apenas lhe traria problemas, por isso a mulher sacudiu a cabeça e desceu do jato assim que pousaram, saindo em busca de um táxi.

Sam a esperava no quintal, a recepcionando com um abraço. Fizera algumas perguntas padrão sobre sua viagem enquanto a levava para dentro da casa, lhe oferecendo uma caneca de café que acabara de fazer.

- Certo, eu tenho que perguntar, Av... – avisou ele, esperando que a mulher fosse ficar tensa, e se surpreendeu. A morena parecia saber exatamente o que ele planejava falar, e ele não sabia exatamente por que se iludira acreditando que teria outra reação – Você não podia ter mandado alguém me trazer isso? Ou pedido que eu fosse para a Torre? Não precisava ter deixado sua equipe.

Avril riu descrente antes de respirar fundo. Ela conhecia Steve, Thor, e Bruce há um pouco mais de dois anos, Clint e Natasha há sete anos, e seu pai há vinte e cinto. Ela conhecia Sam há quatro meses e se sentia muito mais confortável para falar sobre aquilo com ele, e não tinha nenhuma explicação lógica para isso.

- Quer a resposta honesta? Eu precisava sair um pouco da Torre – confessou ela, e Sam ficou alguns segundos sem reação, o que a fez sorrir. Era ótimo surpreender as pessoas, não dava para negar. Depois de um tempo o homem puxara uma cadeira para se sentar em frente a ela na mesa – Estou mega acostumada a ter muitas funções, mas... Nunca me senti tão cansada como agora. Para você ter noção, vir para cá te ajudar a rastrear um ex-assassino desmemoriado foi a primeira ideia que me surgiu quando estava procurando algo para espairecer.

The Real SideWhere stories live. Discover now