Capítulo XIV

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XIV


Horas mais cedo Crisóstomo despertou um tanto enevoado, a cabeça em suspensão

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Horas mais cedo Crisóstomo despertou um tanto enevoado, a cabeça em suspensão. A sensação era de como sua mente fosse feita de espuma. O calor e a madorna o punham assim quando despertava das sestas. E, a mais, tinha uma sensação estranha, percebia um mistério no ar. Coçou a longa e grisalha barba. Bocejou e coçou os olhos que embaçavam conforme tentava perscrutar o ambiente. A biblioteca estava vazia. Levantou-se e, consternado, procurou a sogra em todo o sobrado. Não estava em parte alguma! A mucama também ali não se achava. Filó, a escrava responsável pela cozinha, disse a verdade: não sabia para onde a Sinhá fora.

— Quem sabe não foi à igreja?

— Uma hora dessas? Não creio, Sinhô. A senhora dona Paulina não sai de casa em horas destas.

Isso apenas aumentou o estado de alerta do velho médico. Crisóstomo foi à rua e não achou lá seu coche e do cocheiro nem sinal. A velha deixara o seu em casa e saíra no dele. Caminhou um pouco até encontrar um carro de aluguel e, apreensivo, tomou o rumo de casa. Vasculhar o sobrado, inquirir à mucama da esposa e o hortelão não foram suficientes. Inquirir à cozinheira quase não teria sido o bastante, não fosse a bofetada e o terror verbal que a amedrontou. Ela esqueceu depressa as recomendações de D. Maria Laura e, tendo confessado onde estava toda a família, ainda assim teve de levar em si a fúria despertada pelo engano, que Crisóstomo descarregou pessoalmente nela.

Maria Laura... Traidora! Levou algum tempo para refletir no peso daquele engodo que lhe fizeram.

O ódio logo se liquefez num rompante de ação ininterruptível. Não muito depois, tendo valido se de sua influência e prestígio, a mais o alvoroço de um pai desesperado, Crisóstomo, no batelão do chefe da milícia, navegava seguido de outros mais. Liderava como fosse ele a autoridade, dando ordens, numa obstinação quase mórbida — os pensamentos homicidas que lhe ocorriam. A viagem, contudo, lhe deu tempo de pensar. Pode encontrar alguma calma enquanto, seus olhos fitos nas distantes nuvens que emolduravam os confins dos céus, meditava. A ofensa foi grande, mas caso matasse o filho de um Senador, de um Barão, e esse alvo de toda sua ira sendo praticamente um nobre, herói de guerra muito admirado no meio militar, seria também seu fim. Preso, que seria de Maria Laura? A esposa era custosa, de gênio forte; não o surpreendia que ela tivesse armado tamanha patranha. Mas, a amava! Tinha um motivo legítimo para não querer ver a única filha deles casada com aquele monstro, filho do ingrato que fora seu melhor amigo. Ela tinha a obrigação de lhe entender! Ela o havia magoado com tal mancomunação.

Maria Laura teria seu castigo, ah se teria. Se bem que.... Não tinha certeza se poderia castigar-lhe. Além da saúde fraca, ela carregava seu coração na mão. Maria Laura ouviria umas boas, mas sabia, não poderia fazer qualquer mal à ela.

Quanto a Amélia! Ah! Ingrata. Quando pusesse as mãos nela, ou ainda, em Fabrício, estaria vingado. Faria que a estúpida sofresse o suficiente por sua insolência quando o desafiasse.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 30, 2019 ⏰

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Graciosa [Em Andamento♡]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora