Capítulo XI

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XI

Toda Rosa Rebelde é Corajosa

Toda Rosa Rebelde é Corajosa

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Rio de Janeiro Século XIX


Tal escolha que precisava fazer — o amor materno ou passional — seria a mais difícil da vida de Amélia. Isso porque, advinda dessa escolha feita por uma moça com tão pouca experiência de viver e dores, viriam umas vivências, uma sabedoria impingida que em outras escolhas estaria mais inerente em seu ser quais dos caminhos deveria percorrer para encontrar o ponto em que se concentraria a razão de sua existência: o amor de Fabrício.

Então ela se perguntaria, sentindo-se fraca como a chama que morre no findar do azeite, acolhida no regaço da vida, era ela quem escolhia, ou as situações que imperavam em suas escolhas?

Queria se casar com seu amado, ir em busca do excitante desconhecido, pintar outras cenas imaginadas, porém, não adivinhadas, correr mundo, capturar o belo dos dias com suas tintas, dividir o bem da vida com um outro alguém que ao que parecia, queria lhe compreender.

Só que o pai não podia ouvir falar no nome do homem que havia decidido amar — ora, aquele que ele impusera, depois o arrazoando. A mãe estava doente e ela precisava ter coragem, tanto para uma, quanto para outra coisa. Coragem para partir e deixar os seus sem olhar para trás. E existe isso? Alguém haverá conseguido uma vez na história partir sem olhar sequer qualquer momento para trás? Ou coragem para ficar e perder o único homem que a fizera desejar viver fora de si, para nele viver? Homem que a fizera confiar em abrir mistérios de seu interior que ela não revelara quiçá a si própria! Não era muita coragem pôr isso a perder, para fazer o que era, em sua perspectiva, certo, em relação à situação da mãe que a acolhera com o maior dos carinhos?

Depois de todos os fatos envolvendo Fabrício, o único assunto que permitia dividir com o pai era mesmo a mãe, e sua saúde que muito preocupava a todos.

Em uma reunião não planejada de família, dessas que ocorrem ao acaso, no fim do dia, em que os membros se dão em encontro na sala e conversam descontraidamente sobre o dia vivido, Crisóstomo sobressaltou-se ante um daqueles acessos de tosse da esposa que vinha de mais e mais se tornando frequentes.

— Chego a pensar que deveria regressar a Portugal, levando-a comigo, Laura! Na aldeia de teus avós poderias prolongar teus dias, e, ora, quem sabe, milagres são possíveis!, poderíamos lá achar a cura.

Maria Laura fechou os olhos, emocionada. Sabia que era essa uma sincera demonstração de amor de seu marido. Ele não se dava com sua família e, talvez tivesse sido esse um dos motivos de sua partida na juventude para o Brasil. Principalmente Paula, a irmã de sua mãe, matriarca que permanecera na aldeia de seus ancestrais, essa então não podia ouvir falar de seu nome.

Graciosa [Em Andamento♡]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora