Capítulo XII

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Num disfarçar velado, entre picos de adrenalina e ardores, os dias que se seguiram foram de silenciosos preparativos.

Ao que tudo parecia o senhor Mascarenhas de nada desconfiava.

O vestido de noiva de Amélia foi encomendado por sua avó a uma costureira simplória, porém muito habilidosa, que vivia nos arrabaldes da cidade. Maria Laura não queria que ninguém especulasse nas ruas centrais do Rio de Janeiro porque se encomendava uma vestimenta de núpcias para sua filha. A própria D. Paulina Bernardes, numa obstinação louca passou a tecer a mantilha que a neta usaria. Delicada, de cor branca e esmerada trama que adornaria os cabelos enquanto cobrira o rosto, o elaborado frivolité ocultaria também as lágrimas provenientes da dor que estariam por sobrevir à inocente noiva.

Tenória desfez e arrumou todos os baús com o enxoval, roupas e demais pertences de Amélia. As alvas cortinas do quarto de donzela coavam o sol da tarde. Sentada numa cadeira de brocado d'um azul acetinado ela tentava compreender, com ansiedade, que seria de seus dias em breve.

Não estaria dando um passo em falso? Estaria mesmo fazendo o que era certo?

Sentia muitos afetos por Fabrício, mas temia que algo escapasse ao seu controle. Por exemplo, se o encanto desvanecesse. Mas, seria possível? Desde que era uma criança que carregava em si a fascinação por aquele homem que tão de repente surgiu para agitar a calmaria que era a felicidade de seus dias pueris.

Tinha tanta saudade e queria vê-lo a todo o momento. E quantos dias fazia que não tinha a alegria de ouvir seu modo tranquilo de falar, sempre com aquelas expressões tão única dele! Nenhuma missiva desde então.

Alguma preocupação estranha lhe atravessava o peito. Suspirando, ergueu os dois pés para a cadeira, até que pode abraçar ambas as esguias pernas que o robe de seda cobria. Faltavam apenas dois dias. Dois dias e sua vida estaria toda mudada. Ela sabia... Em sua nubência quase ignorante, a jovem já tinha ciência que todo e qualquer matrimônio é um passo sem retorno. Enquanto, porém, sentia esses receios, espreitava uns pensamentos cáusticos. Após a ideia tão romântica do casamento, sucederam-lhe, pois, expectações desconcertantes.

Quando fechava os olhos, todas as noites sem exceção, antes de conseguir conciliar o sono, ela via o sorriso quente de Fabrício, e podia imaginar suas mãos morenas a deslizarem pela pele de seu pescoço. Imaginava seus lábios se fechando em sua orelha com delicadeza medida e quase desfalecia de um prazer que se não a satisfazia, enchia-a de desejos que sequer poderia descrever. Afinal desconhecia por todo o que se passa com um homem e uma mulher quando estão sozinhos.

Exceto pelo que a avó lhe contara quando adolescente para preveni-la de possíveis vis investidas dos homens, nada sabia. "Nunca permita que um homem que ainda não é teu marido veja tua nudez ou, sobremaneira, toque em ti." A avó dissera que sinhazinhas como ela eram como joias raras e preciosas, que não faltavam nas esquinas dos dias, ignóbeis vis ansiando alguém como ela para tomar para si e fazer sofrer, pois nunca aprenderam lidar com tesouros assim. E não falava, como deixara bem claro, unicamente da beleza exterior da neta. Que sondasse com sabedoria e fé seus pretendentes, para que, por má ventura, não viesse um dia perder a alma. Quanto ao físico, dissera mais: "Existem momentos em que uma mulher deseja ser tocada. Ou que um homem a compele a tocá-lo. São de toques assim que surgem os filhos." Tudo fazia Amélia crer que fosse ele mesmo o único para ela. Ainda que soubesse apenas em parte tudo o que estava por vir. O que sentia por todo seu corpo quando pensava em Fabrício, todas as noites antes de dormir, era pura e simplesmente instintivo, posto que nem seus sonhos, que aconteciam pelas metades lhe contavam o que acontecia no íntimo de um casal.

Graciosa [Em Andamento♡]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt