Capítulo VII

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"A máscara, se lhe dermos tempo,

passa a ser o próprio rosto"

Margueritte Yourcenar

Baile de Máscaras


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No baile de máscaras que Fabrício ofereceria era que, com efeito, cairia, ou ao menos começaria a cair, a máscara. Por detrás das máscaras literais, as pessoas possam talvez, sentirem-se a vontade para tirar a máscara metafórica muito usual que sempre carregam.

Foi oferecido o baile, mais de um mês depois, por D. Esterlina aos convidados de Fabrício, aos amigos de Emílio. O evento empolgou o coração dos convivas e encheu de imaginações de enigmas e romances os corações das donzelas e dos poéticos mancebos.

Estava uma noite fresca. Havia chovido rapidamente naquela tarde em pancadas violentas na maioria dos lugares da cidade do Rio de Janeiro. Lá pelas oito e meia, as estrelas coruscavam num céu límpido. Pessoas e mais pessoas não paravam de chegar.

Amélia estava em uma das varandas, apreciando um pouco de solidão. Finalmente veria Fabrício e não sabia que lhe dizer. Não sabia a decisão do seu coração. Esperava tê-la quando o visse. A noite anterior ficara até madrugada adentro apertando sua carta entre os dedos. A sua última carta.

Ela estava estranhando que, após sua chegada, demorasse tanto para aparecer em sua casa. Então começaram as fofocas. Foi a dama de companhia de Ana, naquela tarde em que fora vê-la, semanas atrás, a primeira a fazer chegar até ela o boato, em tom de intriga, bem ao estilo colombina, a respeito de algo que quase consumia Amélia.

Dizia-se nos chás e à saída da missa, algo que assustou Amélia. Encheu-a de ansiedade e curiosidade.

Fabrício estaria mesmo desfigurado ou seriam apenas falácias?

Ficou pensando por dias no belo rosto moreno, rosto perfeito e imponente de Fabrício Nogueira, que a natureza tão harmoniosamente havia escanhoado. No rosto forte, másculo, límpido e em cinzeladas de mestre facetado, pensando, tentando imaginar esse rosto maculado por cicatrizes.

Era impossível!

Já na primeira vez que ouviu falar nisso dos lábios de Lilia, a dama de companhia de Ana, ela pensou com gelar de coração na carta em que ele dizia que se ela o aceitasse, no baile de máscaras que daria, anunciaria o noivado de ambos.

Não poderiam sequer ver-se, falar-se, longe da efusão de um baile antes de ocasião de tal importância como um noivado?

Além do evento para pouquíssimos convidados no quartel, Fabrício não foi mais visto em lugar algum. Isso era de se estranhar. D'outras vezes, sempre que regressava à Corte, ele fazia questão de comparecer a todos os acontecimentos sociais, dos quais nunca ficava sem apaixonado convite de quem os promovia. Seus sorrisos e doces palavras sempre tão requisitados e disputados o enchiam de orgulho. Ele jamais abrira mão de andar pela Rua do Ouvidor, onde saboreava os afetuosos cumprimentos dos sempre convivas da roda da Corte, e de sair com o pai à praça do Comércio, onde já se prenunciava em acordos informais e promessas no fio do bigode, o bom tino do homem de negócios que estava se formando nele.

Graciosa [Em Andamento♡]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora