Capítulo IX

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IX

"Os olhos são a morada da vergonha."

Aristóteles


A madrugada escorria mórbida na azia intangível a requeimar cada fibra corpórea que constituía a pessoa de Fabrício dos Reis Nogueira

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A madrugada escorria mórbida na azia intangível a requeimar cada fibra corpórea que constituía a pessoa de Fabrício dos Reis Nogueira.

Tantos sonhos lançados na sarjeta coberta de dejetos do desprezo! O desprezo infundado, o desprezo fundamentado em motivos vazios, o desprezo puramente alicerçado no pretexto que era o milimétrico fugir dos padrões que o delírio coletivo impõe.

Nosso jovem herói sentia-se ainda um pouco atordoado. Um misto amargo-azedo de rancor e desejo de desagravo. Nascia uma treva violenta que insistia em querer cobrir a luz dos seus sonhos mais legítimos — amar, ser amado, e honrar socialmente a cada dia da vida a concretização desse desejo.

Os sonhos de amizade, romance, família e momentos familiares arrasados pela discriminação velada de... Crisóstomo Ruas Mascarenhas.

Havia, porém, a recobri-lo uma luz que ninguém conhecia, mas o acompanhava desde o nascimento. A luz celestial que o restituíra a vida, veiculada pelo anjo que não disse seu nome.

Em todo o tempo em que estava tentado nas paixões da natureza humana, a luz o chamava e, mesmo sem conhecer qualquer palavra elucidativa de verdade, seus pés — seus atos — caminhavam para o cuidado do sensato.

Aquela madrugada infelizmente inesquecível que sucedeu o baile de máscaras parecia não ter fim. A relatividade das coisas e fatos parecia não ter fim para duas pessoas. As pessoas a quem importa o desencadear dos fatos que se narra. Verdade tão dorida e crua de um tempo que não morreu, perdurou, perdurou, continua, continua...

A aparência externa de uma pessoa e a reação que os demais têm de acordo a essa aparência determinam a felicidade do indivíduo que a porta?

Poderá ditar mesmo o agir das pessoas a aparência física?

Todas as questões queimando dentro do coração, traduzido em pensamentos de raciocínio tão reais quanto um corte fundo de navalha na carne tenra.

Havia um olhar no rosto de Crisóstomo que descrevia as reações das gentes que por ventura Fabrício havia cruzado desde o retorno da guerra. Desconforto diante do desarmonioso.

O olhar que todo o tempo Crisóstomo lhe lançou, não era só de si mesmo, mas de gentes muitas. Isso era o que mais feria Fabrício. Diante de tal reação das pessoas como Fabrício deveria sentir-se?

A aversão que causava nas pessoas... Como se conformar? Sair da admiração a isso? Aversão? Era esse tipo de reação que infligiria Amélia a aturar por todos seus dias?

Graciosa [Em Andamento♡]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora