— E onde ele está?

— Vai chegar em alguns segundos — respondeu, cruzando as pernas e brincando com o pêndulo sobre a mesa — Ele é meio lento, então o deixei para trás. 

Endeavor não tinha tempo para ficar brincando com uma jovem cabeça de vento, então apenas se calou a espera do indivíduo. Minutos depois uma presença carregada e odiosa surgiu, aumentando a medida que ele se aproximava da porta, atiçando os instintos primitivos do alfa que lutou para não se entregar ao lado animalesco. Se fosse um alfa comum, sem controle de seu gênero, não teria sido tão fácil. 

Sorriu com a confirmação assim que viu o sujeito aparecer na porta de seu escritório, com um sorriso afetado e meio lunático em seu rosto. 

— Imagino que seja o tal alfa que vai trabalhar para mim. — recebeu-o com a fala direta e seca, sem nenhuma simpatia, porém um leve tom de aprovação pela presença opressora que ele emanava.

— Já adianto que o meu preço não é nenhum pouco modesto e que não garanto um trabalho nem limpo, tampouco admito interferências ou ordens enquanto o executo. — o alfa instou da porta, com as mãos nos bolsos. Possuía um olhar doentio, pele pálida e se coçava de minuto em minuto como um cacoete. 

— Ousado e direto, talvez me seja útil — o lúpus ponderou indicando a cadeira a frente, que o sujeito recusou, permanecendo em pé. 

— Se me pagar eu posso garantir que suas ordens serão cumpridas, a menos é claro, que eu já esteja executando o trabalho, daí eu não aceito interferências de qualquer espécie. Deve ser claro e incisivo quanto as suas exigências, fazendo-as de primeira, pois o contrato, uma vez assinado, não pode ser modificado ou cancelado. 

— Parece ser um cara bem exigente para um marginal, meu caro. — o lúpus debochou, liberando sua presença que mantinha contida até então, erguendo-se e se aproximando do indivíduo que não se intimidou, mantendo-se na mesma posição fazendo frente a ele. — O que te faz pensar que é tão bom assim?

Um alfa comum teria dispersado com a presença de um lúpus maior e duas vezes mais forte que si, mas aquele sequer moveu um músculo, apenas mantendo o olhar desafiador, aparentemente desprovido de senso de perigo. Das duas uma: ou ele era altamente treinado, ou era um louco com muitos parafusos a menos e sem instinto de sobrevivência. 

— Posso garantir que a sua presença, força ou tamanho não me intimidam nem um pouco. 

— Estou vendo. Parece meio irracional que você sendo menor e mais fraco não tente escapar da minha presença. 

— Eu não temo a morte, nem estou aqui para brigar por territorialidade. Pego o que quero e saio. — deu um passo a frente, lutando contra todos seus instintos apenas para ficar mais perto do lúpus e demonstrar que não o temia — Se a sua intenção é me intimidar, está perdendo o seu tempo, e o meu. 

Endeavor sorriu, dessa vez satisfeito depois de sua avaliação. Ofereceu-lhe a mão para que apertasse, segurando com mais força que o necessário sem que o outro alfa sequer reclamasse. 

— Espero que seja realmente tudo isso, senhor Shigaraki.  

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Os burburinhos dentro daquele refeitório estavam começando a incomodar Izuku.

Desde que ele e Shoto começaram a namorar, havia se instalado na universidade um clima um tanto estranho dos outros ômegas em relação a si, motivado em grande parte por inveja por ele estar namorando o único alfa lúpus do campus inteiro.

Ele tentava ignorar, mas estava ficando cada dia mais difícil encarar os comentários e olhares julgadores dos demais. Shoto não intervinha, já que ele havia deixado claro que dentro da universidade eles deveriam se comportar como colegas, para que a relação não influenciasse diretamente em seu desempenho acadêmico impecável. Então, mesmo quando ambos estudavam juntos, na biblioteca ou em outra área, evitavam de se perder em meio ao desejo, ainda que rolasse, vez ou outra, um beijo mais lento e curto.

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