Capítulo 22 : Atendentes de ressaca. Me passa teu número ?

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Tinha uma piscina de geleia verde ? — Faço que sim para meu melhor amigo que ainda parece surpreso — Eu queria ter estado aí.

— Acredita você não ia querer — Riu ajustando os meu fones de ouvido quando os fios começam a se enroscar — Foi uma loucura aquilo tudo.

— Eu não acredito que você fez aquilo da porta outra vez — posso vê-lo pela tela do meu celular caindo na gargalhada e deitar a cabeça na cama — Da última vez que você fez isso seu pé ficou preso na cerca do quintal da velha louca bex.

— Combinamos nunca mais falar disso!

Finjo estar brava enquanto presto atenção na movimentação do café antes de falar num tom mais baixo a última parte.

— Mas mesmo sendo engraçado ainda acho que essa festa só me trouxe problemas aquela briga do trevor e tudo.

Espera como assim ? Você andou na porrada ?

— Não! Claro que não!

Grito mais alto do que devia e assusto uma garota que numa mesa dividia um milkshake grande com o namorado fazendo ela se engasgar e logo em seguida acabar com seu pequeno momento romântico.

— Desculpa — Encolho os ombros quando ela me olha furiosa e o namorado tenta limpar um pouco da bebida que caiu em sua saia e volto meu olhar para Peter — Você sabe que eu não gosto de violência.

— Claro você é mais de arranjar encrencas por se meter onde não deve — Ele sorri de canto — Mas agora me conta que história é essa?

Explico tudo a ele sem muitos detalhes e tento não mencionar Dylan na história sei que efeito ele ia causar nele. Mas infelizmente contar uma versão sem ele na história é impossível já que ele é um dos protagonistas.

— Acho que você não deveria ir a essas festas parecem perigosas. — Ele diz preocupado — Essas pessoas parecem perigosas.

O problema do Peter é se preocupar demais, desde pequeno ele sempre faz isso com todos, mas esse é um dos motivos por nos termos tornados amigos

— Eu fico bem seu resmungão preocupado — sorrio quando vejo seus olhos escuros revirarem.

— Vou confiar em você — Ele força um sorriso para encobrir a mentira mas o conheço bem demais para saber que ainda está incomodado — Mas agora eu preciso te contar algo.

— É algo mau ? — Agora sou eu que fico preocupada.

— Ainda não, talvez sim, eu não sei ao certo — Explica — Mas eu acho melhor você saber logo, mas não agora, não aí.

— Tudo bem eu te ligo quando chegar em casa

Assim que a chamada por FaceTime termina desligo o celular e a fila do café avança, ainda é bem cedo mas pela janela posso notar que hoje será um dia ensolarado resumindo mais um dia de calor infernal

Meu cérebro me manda um recado dizendo que meu moletom não foi uma boa escolha, mas devido a vários motivos que prefiro não lembrar essa será sempre minha única escolha.

O que me consola é que gosto de suas cores coloridas, desde as mais claras as mais escuras, que descreve exatamente como são meus sentimentos coloridos hoje.

Assim que a velhinha da frente acaba de contar o troco num tempo que se assemelha a uma eternidade, finalmente chega minha vez.

— Bem vinda ao Toby's Estate Coffee — Um atendente com a voz cansada e olheiras pesadas tão escuras quanto seu avental se debruça no balcão e me olha sem emoção.

Ele me passa o menu e agradeço, o mesmo apoia o queixo na mão me encarando parecendo estar fazendo um esforço enorme para manter os olhos abertos mas é em vão e vai os fechando lentamente.

— O que vai ser hoje ? —  diz ainda de olhos fechados, o bafo de álcool forte e se espalha a medida que ele fala, provavelmente está de ressaca.

Olho o menu ainda indecisa e antes que possa responder sua cabeça vai deslizando levemente para fora da mão como se ele já estivesse dormindo.

Me forço a olhar para o menu novamente mas o movimento brusco dele trás minha atenção de volta.

— Aí merda minha cabeça !

Aquilo sai mais como "Ai merda minha cab...uhg" e depois "crack" se ouve quando sua cabeça bate forte ao cair no balcão de frente e pelo barulho algo ali se partiu.

Ele cambaleia para trás e um outro atendente o ajuda a se equilibrar a tempo antes dele cair e lhe ajuda a sair dali para  provavelmente ir descansar.

— Desculpe por isso — diz um garoto que até então eu não tinha visto surge a minha frente.

Ele está segurando um caderno pequeno numa mão e um lápis noutra, ele tem uma espécie de uniforme diferente e pelo seu crachá com certeza é um funcionário do café. 

— Eu... — engulo em seco — Tudo bem.

— Ei eu já te vi por aqui — Sua voz sai tão calma e um sorriso gentil brota em seus lábios — Você estava com seus amigos no outro dia.

Depois de tentar me recordar do que ele se está referindo minha cabeça finalmente processa e se isso fosse um desenho animado com certeza eu teria uma daquelas lâmpadas que aparecem misteriosamente e pairam na cabeça das pessoas quando na maioria da vezes elas tem uma ideia.

Ele e o atendente do primeiro dia que vim aqui com Sasha e Casey, o atendente de bunda redondinha...

— Eu sou o Toby — Se apresenta com a voz calma. Seus cabelos com uma coloração semelhante a caramelo balançam como ondas.

— Sou a Alissa — me apresento também — Eu também me lembro de você. — Toby tentou segurar o sorriso que começou a surgir nos seus lábios finos, mas não conseguiu.

— Tenho que admitir que estou surpreso por você se lembrar — confessa ele, ainda sorrindo.

Por um momento, não pude deixar de sorrir com ele, Ele é um garoto fofo. Um garoto alto, de maravilhosos olhos azuis, que me faz lembrar a minha cor favorita.

Então, nesse momento, quanto mais eu o olhava, mais e mais, o achava bonito. 

— Surpreso? — pergunto depois de um tempo pensando no que responder.

— Por algum motivo, os clientes parecem ignorar todos funcionários que estão a sua volta — suas palavras fizeram meu corpo relaxar, sua voz era tão suave e macia — Eu acreditava ser ignorado como os outros. — Ele voltou a sorrir.

Ele não parece ser um dos garotos que são ignorados mas sim daqueles que se destacam e não passam despercebidos. A essa altura não sei o que responder e fico simplesmente em silêncio.

— Então o que vai ser ?

— Bom eu vou querer o mesmo que pedi da outra vez — Sorrio — Vamos ver se você tem boa memória.

— Vamos ver — Ele ri timidamente.

— E um café com leite — Vejo Casey se aproximar surgindo do nada, ela me dá um abraço e por fim se vira para Toby — E antes que você pergunte sim ela está solteira.

Fico de queixo caído com o atrevimento dela e de súbito, me viro para Toby temendo sua reação.

— É bom saber — Seu sorriso de antes se alarga ao olhar para mim  — Será que você poderia me passar seu número Alissa ?

A pergunta soa tão doce quanto um cachorrinho bebê, seus olhos azuis chegavam a brilhar.

— Er...tudo bem — respondo com um sorriso sem dentes. Não consegui dizer não a ele, aqueles olhos me encarando esperançosos me fez ceder ao seu pedido

Perfect collision [Degustação]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora