Deixo a blusa, as botas e a calça no banheiro. Por cima da minha cabeça, voam duas meias um sutiã e uma calcinha, que caem direto no chão do banheiro. Lauren se enrola na colcha e fica só com a cabeça para fora.

— Isso não significa que você pode se aproveitar de mim — diz ela, e eu rio.

Lauren alisa o colchão, um pedido para eu me sentar ao lado dela, mas a colcha enrosca no manuscrito, que cai no chão com um estardalhaço, páginas para todos os lados. Ficamos em choque, aterrorizadas.

Esperamos por algum sinal de Joseph. Nada.

Sorrimos diante da bênção que acabamos de receber.

Eu me sento ao lado dela. Laur se aproxima de mim, mas eu me afasto.

— Não quer saber o que achei do seu livro primeiro? — pergunto.

— Não sei — responde ela, sorrindo, mas com certo nervosismo. — Será que eu quero?

— Você sabe que ficou bom. Muito, muito bom.

Ela puxa as cobertas, e seu rosto desaparece.

— Você não tem ideia de como me sinto aliviada ouvindo isso.

— Sempre soube que você era brilhante. E você acaba de provar isso ao mundo.

Uma mão escorrega para fora da coberta. Eu a aperto.

— Sabe o que eu acho? Que você se sairia uma ótima editora. Tudo que você falou era verdade. O puxão de orelha estava certo.

Desvio o olhar, envergonhada.

— Desculpa.

— Não precisa pedir desculpa.

— Não, preciso sim. Por várias coisas. Mas principalmente por... usar seu ex-namorado para alimentar minhas inseguranças estúpidas. Quero que você saiba que não foi só porque ele aparece menos que eu gostei do livro. — Aponto para as páginas no chão. — Nem porque eu apareço mais agora. Eu gostei porque ele fala sobre você. As partes boas e as ruins. Eu amo você. Por inteiro.

Ela aperta minha mão com mais força.

— Obrigada.

— Eu deveria ter elogiado seu trabalho há muito tempo. — Esfrego meu polegar no dedo indicador dela. — E ainda tenho muitos outros elogios a fazer.

— Amanhã. Agora, só quero você.

Mas meu coração fica apertado de novo.

— Você quis dizer hoje, né? Descobriu a que horas o seu trem sai?

— Camz. — Ela parece surpresa, como se eu devesse ter percebido antes. — Eu nunca comprei passagem nenhuma.

Prendo a respiração.

— O quê?

— Não vou assistir aos Jogos. Vim aqui por sua causa.

— Isso significa que você vai ficar em Paris?

Ela chega mais perto.

— Por duas semanas, até o final dos Jogos, se você aceitar. Mas depois vou ficar presa em Washington até junho.

— É claro que eu aceito!

Lauren sorri para mim de um jeito malicioso.

— Ah, é?

Eu a empurro por baixo do cobertor. Ela rola para o lado, sorrindo, e me puxa para perto. E então, me olha fundo nos olhos e diz:

— Senti muita saudade de você.

Kismet [concluída] حيث تعيش القصص. اكتشف الآن