XVIII - Consequences

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- Eu tive que pegar um avião até aqui e ainda assim cheguei antes de você. Excelente.

A sra. Jauregui lança as mãos no ar, furiosa. Joseph está parado atrás dela, tenso, um prisioneiro no próprio apartamento.

Lauren está em choque.

- Você tem ideia do quanto isso é inconveniente? - continua ela. - Ter que cruzar o oceano uma semana antes das eleições? Você ao menos se importa com isso?

A sra. Jauregui é baixinha, bem mais do que imaginei, embora ninguém perca muito tempo pensando nisso. A presença dela é impactante. Ela parece tão enérgica quanto aparenta nas fotos e na televisão, mas, neste momento, não há dúvida de que é muito mais assustadora. Ela me olha de cima a baixo com olhos verdes que são terrivelmente familiares para mim.

- E você deve ser a Camila.

Meu nome é pronunciado como o de alguém que não é bem-vindo ali, e é exatamente como me sinto. Fico de cabeça baixa, encarando o chão.

- Olá.

Lauren fica na minha frente, tentando me proteger.

- Sinto muito. Sinto muito, mãe.

- Ah, você vai sentir, sim.

Joseph dá um passo à frente.

- Que bom que chegaram bem, Camila...

- Amanhã de manhã temos uma conversa agendada com a diretora da escola - avisa a sra. Jauregui.

Um nó se forma em minha garganta.

- Nós três?

- Não - responde ela, com a cara fechada. - Minha filha e eu.

Meu rosto queima de vergonha por ela ter me colocado no meu lugar.

- Camila, a sua conversa com a diretora será na terça-feira - anuncia Joseph. - Por que não...

- Obrigada pela ajuda - diz a sra. Jauregui a Joseph. - Sei que minha filha tem dado muito trabalho. Sinto muito por tê-lo incomodado dessa maneira.

Tenho a impressão de que é ela quem está dificultando o trabalho dele, mas Joseph só esfrega a careca e diz:

- É o meu trabalho. Mas tudo bem, ela é uma boa menina.

É evidente que ela não acredita no que Joseph acaba de dizer. Talvez acreditasse se conhecesse Jack e Dave. Ela dá um aceno de cabeça firme e se vira para Lauren.

- Vamos embora.

Lauren arregala os olhos.

- Para onde?

- Para o seu quarto. Temos muito o que conversar, mocinha. - Ela abre a porta e se despede de mim com outro aceno de cabeça. - Camila.

Meu coração está do tamanho de uma pedra minúscula, irradiando dor para todos os lados. Enquanto a mãe a arrasta, Lauren aperta minha mão com a mesma força imensurável de antes. Nossas mãos se separam apenas quando não conseguimos mais esticar mais os braços. Trocamos um último olhar de angústia e então ela se vai. Estou petrificada e permaneço em silêncio. Joseph suspira.

- A gente se meteu em uma encrenca das grandes, né? - comento por fim.

- Você vai ficar bem.

- E o Lauren?

A cara de Joseph não está nada boa. Uma coisa terrível passa pela minha cabeça.

- Meus pais estão vindo para cá? É por isso que a minha conversa com a diretora é só na terça?

Kismet [concluída] Onde as histórias ganham vida. Descobre agora