IX - Reflection

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Na escada rolante, ainda estamos com as bocas grudadas uma na outra quando uma sucessão de coisas acontece: o queixo dela bate no meu nariz à medida que ela pisa no chão e volta a ficar mais alta do que eu; perco o equilíbrio, meu corpo pende para...

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Na escada rolante, ainda estamos com as bocas grudadas uma na outra quando uma sucessão de coisas acontece: o queixo dela bate no meu nariz à medida que ela pisa no chão e volta a ficar mais alta do que eu; perco o equilíbrio, meu corpo pende para a frente, e, com isso, nos estatelamos no chão do museu.

- Merda! - Lauren olha para mim com os olhos arregalados. - Merda!

Meu nariz está sangrando.

- Quebrou? Eu quebrei seu nariz?

Toco o nariz e faço uma careta de dor, mas balanço a cabeça e digo que não foi nada.

Desço a barra do meu vestido para cobrir minhas coxas, que estão completamente expostas.

- Estou bem - digo, sem conseguir pronunciar os sons nasais. Esfou fem.

Lauren me ajuda a levantar. Ela tateia a jaqueta, procurando desesperadamente por alguma coisa que possa parar o sangramento, mas não encontra nada. Um senhor que estava perto do balcão de informações e viu tudo retira da lapela um lencinho florido muito bonito e me entrega.

- Merci - digo ao homem.

Meu anjo da guarda. Mantenho o lenço pressionado contra o nariz por alguns segundos, e quando o retiro, parece que foi encontrado na cena de um crime.

- Não acredito, não acredito. - Lauren não para de repetir isso para si mesma. - Desculpa. Desculpa mesmo, mesmo.

- Está tudo bem! - digo, torcendo para ela compreender minha voz. - É só um nariz sangrando.

Estico o lenço na direção do homem, sem saber ao certo se ele vai querê-lo de volta ou não, e ele agita a mão no ar intensamente. Tudobempodeficarcomele. Agradeço novamente, e Lauren me conduz até o banheiro mais próximo.

- É sério, estou bem - insisto.

Mas ela põe a mão na testa, aterrorizada, enquanto entro no banheiro e desapareço.

Hora de verificar o tamanho do estrago. Meu nariz continua sangrando, meu queixo está parecendo um tomate de tão vermelho e amanhã vou estar com um hematoma horrível. Será que pelo menos meu vestido continua limpo? Uma mulher linda com pele cor de ébano e bochechas bem-desenhadas sai de um dos banheiros e, com um suspiro assustado, pergunta em francês:

- O que aconteceu?

Imediatamente ela começa a retirar um saquinho de lenços da bolsa e o coloca em minhas mãos.

- Sempre ando com um pacotinho na bolsa, mas hoje... - retruco. - Que vergonha.

Só a primeira metade é mentira.

Pego um lenço do pacotinho e o pressiono cuidadosamente contra a ponta do meu nariz, esperando o sangramento cessar. E espero. Espero. Digo à mulher que ela pode ir, que está tudo bem, porque é estranho ficar com uma desconhecida, ainda que bem-intencionada, olhando para mim por tanto tempo. Por fim, ela vai embora. No mesmo instante, escuto Lauren perguntando a ela em francês e em tom de desespero - mas com uma pronúncia perfeita - se estou bem.

Kismet [concluída] Donde viven las historias. Descúbrelo ahora