Foi a vez de Bakugou suspirar profundamente, sentindo-se um merda.  

— Você merece um alfa melhor do que eu, Eijirou. — escapou do olhar raivoso dele quando Eijiro o fitou repreensiva. 

— Está me dando um fora, é isso?— questionou amargurado.

O alfa rosnou irritado com aquilo, sem saber como deveria reagir, afinal não queria ser rude, mas desconhecia outra maneira mais sutil de falar a verdade.  

— Apenas falando o óbvio. Você é um cara legal e merece alguém que te respeite e valorize. 

— Ou você pode começar a mudar, não?Também é uma possibilidade. — O ômega rebateu prontamente. 

— Eu só estou sendo sincero aqui. Até um cego seria capaz de perceber que você merece um alfa melhor do que eu, um que saiba te valorizar e respeitar.

Como se quisesse esquecer ou dar a conversa por encerrada, Eijiro abaixou o olhar, ainda nervoso, mas se concentrando em outra tarefa. 

— Talvez sim, mas isso quem decide sou eu. — se ocupou em procurar o bactericida — Agora pare de falar porque está me atrapalhando. 

Parar de falar? Só podia ser brincadeira. Ele tinha que fazer o ômega compreender de uma vez por todas a dinâmica daquele relacionamento ou não conseguiria mais. Eijiro deveria estar cem por cento ciente do tipo de alfa com quem estava copulando e a quase inexistente possibilidade daquele relacionamento evoluir, para não apostar nas cartas erradas e sofrer depois. 

— Eu sei que fui estúpido ao falar aquilo, mas eu nunca te escondi que não desejo estar em uma relação. Você que insiste em teimar e ... 

— A gente não escolhe por quem se apaixona, não é? — o ômega sorriu tristemente, cortando-o  — Se eu disser que estou totalmente satisfeito com o tipo de relação que partilhamos, estarei mentindo, mas fazer o quê? Eu amo você e espero realmente que um dia consiga fazer você entender isso.

E novamente voltavam naquele tópico: o fato dele insistir na ideia de que o faria mudar. Aquela insistência chata que o incomodava, sempre batendo na mesma tecla insistentemente. Custava entender que ambos tinham propósitos distintos? Que ele não desejava se amarrar a um ômega ou marcar um?

— Eijiro, eu sei que você gosta de mim, mas do jeito que está não tá legal. Temos ideias e intenções diferentes... e... eu sinto, quer dizer, eu sei que não tenho sido o melhor alfa, então... — suspirou, virando o rosto para o lado, incomodado — Olha... eu vou entender se não quiser mais nada comigo. 

Foi estranho como aquilo doeu nele. Nunca antes havia se sentido mal por encerrar um relacionamento e, por mais que tentasse negar, em seu íntimo ele desejava que a resposta do Ômega fosse negativa. 

Doeu ainda mais perceber quão magoado ele ficou com aquela fala. 

Eijirou parou o que estava fazendo, olhando profundamente nos olhos do alfa, com convicção e um pouco de raiva e amargura. 

— O que acha que eu estou fazendo, Katsuki? — questionou seriamente secando as lágrimas com a manga da camisa — Pensa que eu estou brincando aqui, que não percebo que está tentando me forçar a te largar?

— Não estou te forçando a nada, apenas sendo sincero, porra!— conteve por pouco a vontade de dizer que não desejava que ele fosse, não ao menos enquanto estivesse confuso, mas não o forçaria nem influenciaria sua resposta.

 — Eu amo você e estou tentando fazer o nosso relacionamento dar certo! E tão difícil assim entender que eu quero ficar com você? 

— As vezes sim — o loiro resmungou chateado por não estar conseguindo fazer o ômega entender — Você as vezes parece a porra de um masoquista, cacete! Ouve alguém te esculachar e deixa baixo sem se impor.

AlvorecerWhere stories live. Discover now