Deus é Deus

Capítulo 34 - A mina

Eu estava empolgada com a igreja e escola e não consegui sair cedo da mesma arrumando, limpando e organizando minha aula expositiva de amanhã. Estou distraída e cantando uma canção que mexe muito comigo e que digo que faz parte de minha história, quando escuto vozes de crianças na frente da escola e vou olhar quem é.

- Fred, Heloísa e Brian vão para casa agora. Não podem quando terminar a aula ficar passeando por aí que a mãe de vocês pode achar ruim. – Digo os repreendendo e eles param de discutir e me olham assustados.

- P-professora não sabíamos que a senhora ainda está aí.

- Eu estou e vocês quem não deviam estar aqui. – Digo brava. – O que houve que não foram para as suas casas?

- Nós viemos procurar a Liz. – Rebeca diz e olha para Fred que abaixa a cabeça e percebo que houve algo errado.

- Fred onde está sua prima? – Pergunto já descendo as escadas para chegar mais perto deles.

- Olhem é o Gabriel. – Brian diz nos fazendo olha adiante.

- Podem me explicar agora o que está havendo? – Fred eu vou perguntar de novo, onde está sua prima e porque você está com o urso dela na mão? – Eles se entreolham e é o momento que Gabriel chega gritando por eles então resolvo calar e ficar esperando o que vou ouvir.

- Gente eu avisei ao xerife ele vai procurar ela também. – Gabriel diz e os outros me olham. – A senhorita vai ajudar tia?

- Se eu soubesse do que se trata eu ajudaria. – Digo colocando as mãos na cintura.

- Eu vou dizer. – Rebeca diz olhando para Fred. – É que no caminho para casa, estávamos conversando sobre profissão, como a senhora disse para nós pensar então a Liz falou que seria médica e quando nós olhamos para ela e perguntamos porque ela disse que queria ser médica de urso, para curar o urso dela que está com o bracinho machucado. – Diz apontando para o Napoleon que está nos braços de Fred que o olha também. – Daí começamos a rir e ela não gostou avançou para cima do Fred que para se defender disse que ela era boba e que não existia médica de urso. A Liz saiu correndo e chorando e disse que ia sumir como o pai dela sumiu e não estamos encontrando.

- Daí fui chamar o xerife para nos ajudar. – Gabriel completa e Fred já chora.

- Fred estou vendo que está arrependido, você sabe que a sua prima é muito pequena e que temos que ter mais paciência com ela. Inclusive que não é fácil não ter mãe e perder o pai assim, venham vamos lá para lanchonete, vocês vão lanchar e ajudar a procurar, vou mobilizar algumas pessoas também. – Digo já subindo para pegar minha bolsa e fechar a porta.

- Professora a senhora acha que ela vai me perdoar? – Ele pergunta enxugando as lágrimas.

- Vamos primeiro encontrar a Liz e só então nos preocupar com o seu pedido de perdão.

Saímos todos calados e olhando pelos lugares, perguntando as pessoas e eu já estava começando a ficar desesperada, quando lembrei do Salmo 40 então comecei a louvar:

"Se Deus quiser, Ele é Deus..."

Quando chegamos na lanchonete já fui logo ajeitando o lanche deles e fui dizer para Claudia tudo que aconteceu, a mesma já chamou o pastor Mateus que mobilizou alguns homens para ajudar Jack, teríamos que a encontrar antes do anoitecer.

- Fique calma Débora, Liz vai ser encontrada. – Claudia dizia sentando perto de mim.

- Tenho medo de anoitecer e aquela criança solta por aí pode ter algum bicho ou bandido. – digo chorando.

- Tenha fé os homens e algumas mulheres estão procurando, você mesmo acabou de voltar de uma busca, talvez ela não esteja querendo ser encontrada. – Claudia diz e eu a olho.

- Como assim?

- Já pensou que ela esteja escondida?

- Sem o Napoleon?

- É difícil mais não é impossível.

Ouvimos então barulho na porta e vemos Jack entrar com um dos meninos da fazenda que nos traz notícias que houve uma nova explosão na mina, felizmente não tinha ninguém perto, eu me desespero mais ainda com a notícia pois temo pela vida de Liz.

- Claudia ela não estaria na mina, tenho certeza ela estava trancada. – Jack diz tentando me tranquilizar. – Já anoiteceu e vamos recolher as buscas na floresta, nos limitar dentro da cidade, pois temo que as crianças se machuquem, mas não se preocupe que eu e Ryan vamos entrar na floresta novamente com lampião.

- Obrigada. – Digo aflita e ele sai.

- Débora precisa se acalmar. – Claudia diz.

- Como é a história de Liz? – pergunto.

- A mãe dela morreu no parto, a tia e o pai cuidaram dela, mas a tia dela teve que ir embora para longe deixando ela só com o pai, ele trabalhava na mina e ela ficava com uma vizinha que é a mãe de Fred, por isso eles dizem a todos que são primos. No dia que houve as mortes na mina, ela havia ido deixar o almoço do pai e voltou de lá dizendo que estava muito calor na mina. Que achava que ia ficar lá com o leque abanando o pai trabalhar, a tia brigou com ela e logo mais foi a notícia das mortes.

- Espera, ela pode estar se culpando de não ter ajudado o pai, eu vou para a mina agora. – digo levantando e Claudia tenta me impedir mais eu digo firme. – Eu preciso achar aquela garota, é questão de honra para mim. Não tente me impedir por favor eu volto dentro de alguns minutos. – Digo e saio apressada.