Capítulo 22 - Inauguração

174 24 0
                                    

Eu acordei mais feliz do que o costume, era estranho eu acordar assim visto que fomos dormir tarde organizando as coisas, Claudia havia passado mais tempo que o previsto na prefeitura e a arrumação ficou por minha conta com ajuda dos meninos

Oups ! Cette image n'est pas conforme à nos directives de contenu. Afin de continuer la publication, veuillez la retirer ou télécharger une autre image.

Eu acordei mais feliz do que o costume, era estranho eu acordar assim visto que fomos dormir tarde organizando as coisas, Claudia havia passado mais tempo que o previsto na prefeitura e a arrumação ficou por minha conta com ajuda dos meninos. Resolvi fazer uma surpresa a meus alunos então acordei cedo e fiz biscoitos de uma receita que achei na mudança nas coisas de Claudia.

- Hum que cheiro bom! - Claudia diz entrando na cozinha.

- São biscoitos. - digo feliz.

- Isso eu sei só não sei para que. - ela diz rindo e pegando um para provar. - Está delicioso.

- Obrigada. Resolvi trazer as crianças para inaugurar a sua lanchonete, como sei que não vai dar conta só fiz os biscoitos para ajudar.

- Que maravilha! Vou fazer vários tipos de suco.

- Obrigada pelo apoio mais uma vez.

- Eu que agradeço ter vindo comigo. - ela me abraça e eu sinto que tem algo errado.

- O que houve? É na prefeitura?

- Não e sim. - ela diz sentando e se servindo de café. - Lá está tudo bagunçado e muita coisa errada, mas o que está me incomodando é meu coração.

- Já sei. Percebeu o pastor te olhando não foi? E Kadu? - digo deduzindo o dilema.

- Você viu também? Ele me chamou para dar uma volta hoje após o culto acredita?

- E Kadu? - volto a perguntar.

- Eu e Kadu percebemos que nos gostamos muito mais é como irmãos, ele veio para me beijar e até ele achou estranho. Fomos criados juntos e não passa de um irmão mais velho.

- Se está tudo entendido entre vocês, vá no passeio. - digo jogando farinha nela.

- Ei! - ela diz limpando o braço. - Não quero parecer oferecida. Estou tão confusa.

- É só um passeio Claudia, não precisa ser oferecida, é só deixar as coisas acontecerem. - digo. - Lembre também de orar e ver qual é a vontade de Deus nesse assunto.

- Sim senhora, falou a experta em namoro. Pelo que sei Jack anda suspirando e ficando de molho. - ela diz e me sinto mal com esse comentário.

- Eu não estou deixando ele de molho, só decidi deixar Deus trabalhar na minha vida, se eu for agarrar ele e beijar como tenho vontade onde fica Deus?

- Tem razão, agora vá dar sua aula e me deixe terminar esses biscoitos.

Saí correndo para a  escola dar minha aula que foi uma benção. Estou ensinando a eles mais sobre Jesus e eles tem amado. Claro que também ensino as coisas normais mais Deus em primeiro lugar.

- Crianças, hoje eu tenho duas surpresas para vocês. - digo empolgada no final da aula já. - A primeira é que ganhamos um sino. - Digo levantando o sino e balançando empolgada.

- Ah professora isso é de vaca. - Gabriel diz e todos riem.

- Sim é de vaca mais vai evitar eu ficar chamando um por um para dizer que a aula começou.

- E a outra? - Rebeca pergunta.

- Vamos todos juntos para inauguração da lanchonete. Tem comida de graça lá para vocês. - digo quase dando uns pulinhos e ouço eles vibrar e se apressar para partir.

Quando chegamos na lanchonete, tem um banquete arrumado para nós, as crianças se empolgam e ficam comendo e conversando falando atropelando e eu só fico olhando de longe achando lindo.

- Débora olhe ali. - Claudia me aponta Gabriel que está tirando comida e colocando dentro dos bolsos. - Faz um tempão que eu o observo, é o único que não está se divertindo.

- Mas ta errado ele colocar comida na roupa, vou lá. - digo me afastando. - Oi, digo chegando perto dele que se assusta comigo.

- Oi professora. - ele diz e baixa a cabeça, ele sabe que eu o vi fazendo coisa errada.

- Vamos na cozinha comigo. - digo séria.

- P-professora não brigue comigo eu devolvo eu só queria...

- Shiii, eu não disse nada só estou lhe chamando para ir na cozinha. - digo apontando a cozinha e ele segue para lá. - Sente aí. - digo apontando a cadeira.

- Me perdoe senhorita. 

Faço um gesto para ele se calar e sento ao lado dele, vejo que Claudia nos observa da porta.

- Eu lhe chamei aqui para dizer que é muito feio o que fez, não pode colocar comidas nos bolsos.

- Mas era a parte que eu comeria. - ele diz se justificando.

- Não comeu ainda? - pergunto.

- Não professora.

- Vamos fazer assim eu faço uma marmita para levar para casa se em troca me contar o motivo de guardar a comida.

Ele abaixa a cabeça retira as comidas dos bolsos coloca na mesa e secando uma lágrima começa:

- Meu pai morreu na mina, no dia minha irmã vinha da cidade vizinha com mamãe e uma árvore caiu em cima dela que a deixou numa cadeira de rodas. Nossa mãe também se machucou e vive em cima de uma cama. Eu estou só fazendo tudo por elas. - ele diz secando as lágrimas e meu coração se parte em mil. - Não temos mais comida e a vizinha tem nos dado almoço, no final da tarde eu a ajudo guardar as cabras para pagar a comida. Achei que minha irmã iria ficar feliz de comer esses biscoitos bonitos. - ele conclui e eu já choro junto com ele.

- Oh Gabriel, me perdoe eu não sabia de seu sofrimento.

- Ninguém sabe, tenho vergonha de contar, sou homem e deveria conseguir sustentar a casa no lugar de papai mais eu não tenho dado conta. - ele chora mais e me abraça.

- Nós vamos lhe ajudar e verá como vai ficar fácil. - Claudia diz se aproximando e o tomando para um abraço também.

- Vou lhe deixar em casa posso? - pergunto.

- Não é boa ideia professora elas estão sem saber que vai visitas e as vezes fede um pouco. - eu não acredito que ele é tão orgulhoso assim.

- Gabriel deixe agente ajudar, podemos revezar e limpar, lavar e passar para você. - digo e Claudia me faz um sinal.

- Gabriel, tenho uma proposta para você. - Claudia diz.

- Uma proposta para mim?

- Eu vou precisar de um ajudante na lanchonete e que tal vocês três virem morar comigo e eu cuido delas para você? - minha amiga era a melhor. - Aqui não lhe faltará comida e não precisará se sacrificar tanto, o que me ajudar pagará as despesas que tal?

Vemos ele coçar a cabeça olhar para mim e para ela, passar as mãos nas últimas lágrimas e então se levantar para responder.

- Vou fazer assim, irei levar a marmita e ter uma reunião com elas, sou o cabeça mais tenho que combinar com elas pois não sabemos o que vão pensar. Acho que a ideia é ótima visto que  o inverno ta chegando e nossa lareira está quebrada assim como o telhado. Mas amanhã direi minha resposta. - ajeita a roupa, pega a marmita, aperta a mão de Claudia e diz: - Obrigada por tudo, me sinto bem mais confiante. Deus ouviu minha oração e estou levando comida para casa. - nos dá as costas e ficamos as duas olhando para a porta e chorando como duas molengas.

- Acha que eles virão? - pergunto me recompondo.

- Não sei, mas tenho tanta vontade de ajudar o povo dessa cidade. São tantas histórias tristes. - ela diz olhando para o salão.

- Ajudaremos ensinando a palavra de Deus irmã. - digo lhe abraçando e beijando seus cabelos lindos.

Deus é DeusOù les histoires vivent. Découvrez maintenant