Quando cheguei no quarto eu pulava, gritava e corria para tentar me vestir rápido, sendo auxiliada por Claudia que havia se tornado mais que uma amiga para mim esse período.
- Não está apaixonada tem certeza? - ela perguntou ao me ajudar com a saia.
- Eu não posso aceitar isso entende Claudia? - disse sendo pela primeira vez sincera sobre meus sentimentos. - Vim para cá para evangelizar e cumprir minha missão, acredito que daqui Deus não tenha um varão para mim, posso está confundindo os sentimentos e não quero perder a benção de Deus entende?
- Entendo que de onde agente não espera é que aparece. Veja eu, quantos anos morando na mesma casa com os mesmos vizinhos, nunca cogitei ter nada com Kadu que conheço desde pequena, mas agora depois de convertida e ele também, tenho sentido algumas coisas que não sei explicar. - ela diz sentando na cama.
- Ore amiga, quem sabe não é o varão que Deus preparou para você? - digo a puxando para descer.
- Então faça o mesmo Dé, se deus unir quem é o homem para separar? - faço uma careta mais lembro de dizer a ela uma coisa que ouvi uma vez.
- Se quiser ter um bom casamento, fique no salmo 40.1, não se precipite nem coloque a carroça na frente dos burros. Não custa nada tentar não é? - digo pensando em orar depois sobre mim e Jack, quem sabe minha amiga não tem razão?
- Pronto chegou a noiva. - disse Claudia quando chegamos na sala e eu rapidamente dei um tapa nela.
- Vamos senhorita estou quase atrasado. - Jack diz me apontando para a porta.
- Vai com Deus minha filha, que o Senhor possa abrir essa porta e o nome Dele ser glorificado. - Sr. Agnaldo diz para mim segurando no meu braço.
- Não demore, venha antes de anoitecer e Jack venha jantar hoje sim? - Dona Maria diz.
- Pode deixar dona Maria virei sim. - após falar isso saímos calados.
Já estávamos caminhando a alguns minutos sem falar nada, é como se não houvesse assuntos, eu queria perguntar um monte de coisa a ele mais não tinha coragem de começar o diálogo então comecei a orar mentalmente.
"Senhor Jesus, se vem dessa cidade um varão para me acompanhar na caminhada, eu desejo que seja um que entenda meu ministério e que seja lindo igual o Torton. Se for ele eu não vou reclamar Deus mas eu queria um sinal, para eu ter certeza que tal ele perguntar como estou?"
- Senhorita Débora tem passado bem? - bom eu posso entender isso como um sim Pai? pensei ao ouvir a sua voz. - Digo no sentido de que está na casa de Claudia e ainda não está fazendo o que veio fazer.
- Estou me sentindo melhor após o início dos cultos. Aliás não veio em nenhum senhor Torton. - era isso mesmo eu não posso me casar com um descrente então precisa se converter.
- Bom, é, hum... tudo bem estou devendo uma visita, mas não é por não gostar é que igreja me lembra minha mãe então evito. - espera aí se eu também lembro a mãe dele segundo o mesmo então me evita também?
- O senhor evita tudo que lembra ela? - preciso saber a resposta vai que minha teoria esteja certa né.
- Eu tento não lembrar dela, sou filho único e meu pai se foi quando eu era pequeno, ficamos só nós dois e ter tomado conta dela no leito de morte é algo que não tenho superado. Fico olhando Claudia ter o pai e a mãe perto é magnifico. - ele diz de cabeça baixa.
- O senhor ia na igreja com ela? - ouso perguntar. - Se não quiser responder tudo bem.
-Ia sim, no começo era por imposição da mesma eu tinha apenas dez anos, mas depois eu me envolvi e gostei, mas depois que ela adoeceu que eu ficava sem ir por causa dela e apenas fazia um culto entre nós dois eu pensava que Deus não é para mim.
- Espera aí. Porque pensava isso? - não posso deixar meu varão ficar comendo bolota do inimigo, primeiro cuidar dos de casa lembra da Bíblia?
- Senhorita Débora eu tinha apenas dez anos, minha mãe morreu eu estava com doze anos foram dois anos só tive que aprender fazer coisas que a senhora nem imagina para poder sobreviver e as vezes passava a noite acordado pedindo para ela não morrer mais mesmo assim ela se foi, sabe o que é uma criança com doze anos sem ter nada nem ninguém no mundo?
Eu acho que ia chorar, mas não podia me calar diante essa declaração.
- Jack, não é porque passou por tudo isso que Deus não é para você. Não foi ele quem te abandonou, pelo contrário ele nunca saiu do seu lado tenho certeza.
- Ele levou minha mãe senhorita. Sinto muito não posso acreditar nesse amor.
- Quando nascemos só temos uma certeza em nossas vidas; sabemos que nascemos, crescemos e morremos, um dia todos morrem cedo ou tarde, velho ou criança. Não pode culpar Deus pelo curso da vida Jack. - Oh Senhor venha aqui me ajude a transformar o coração de pedra em coração de carne e receber Tua palavra. - Como conseguiu estudar?
- Um homem rico que havia na cidade foi para comprar minha casa e chegou lá só havia uma criança, então ele perguntou se eu queria ir morar com ele em troca dele me sustentar até os vinte e um anos. Não tinha o que fazer eu aceitei, já fazia dois dias que não comia nada além de farinha então corri peguei minhas poucas roupas e fui com o homem, ele tinha dois filhos e duas filhas, foi a partir daí que descobri o que é sofrer.
- Por isso não gosta de gente rico? - disse ligando os fatos.
- Eles eram mesquinhos, ruins, me batiam muito e me deixavam trancado quando os colegas ricos deles iam lá, diziam que não podia me misturar para não passar infecção. - sinto que as lágrimas escorrem dos meus olhos nossa como meu querido soldadinho sofreu.
- Jack dê uma chance a Deus de te mostrar que ele não teve culpa nisso tudo. - disse secando as lágrimas.
- Vou pensar. Olhe está ali. - disse apontando para o bar e me fez parar de caminhar e o olhar.
- Um bar? O que vou fazer no bar?
- Calma, é que não existe escolas aqui, as crianças estudavam na igreja mais não existe mais também, o prefeito disse que se a senhora quiser pode usar o bar durante o dia e eu aceitei, é melhor que ver a senhorita partir. - ele diz calmo.
- Obrigada Jack, Deus o usou para me abençoar não tenho palavras para agradecer. Vou fazer desse bar a melhor escola que essa cidade já viu.
- Não tenho dúvidas. Mas tem outro problema. - ele diz passando a mão nos cabelos.
- Problema? - indago sentindo que vem bomba.
- Esse é seu contrato, onde a senhorita concorda em receber metade do salário da outra professora e que ficará por dois anos no mínimo na cidade. Se a senhorita assinar isso não poderá voltar em um ano como disse lá antes de vir.
- Quanto a outra professora ganhava? - pergunto engolindo em seco, salário de professor já é baixo e pela metade fica quanto?
- Cem libras. A senhorita não está pensando em assinar não é?
- Vou assinar sim. Não tenho o que perder ficando aqui, lá de onde vim não é bom como pensa que era e que estarei sentindo falta, minha felicidade é onde Deus quiser que eu esteja. O salmo 40 diz para eu esperar com paciência no Senhor e é isso que vou fazer.
- Consegue se superar a cada instante. - ele diz me dando o braço para irmos olhar a instalação.
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Deus é Deus
SpiritualLivro 11 Débora Moura uma jovem que não mede esforços para apregoar a palavra de Deus. Ainda jovem, foi escolhida pra uma missão de fé e coragem, destemida e acreditando no Deus que serve ela não duvida do que tem que fazer, assume o papel que Deus...