Capítulo 65: Não!

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Eu olhei para Angel com uma cara de emburrada. Ela olhou para mim aliviada, enquanto eu mantinha minha expressão sisuda. Ela estava ajoelhada à minha frente com as mãos à frente do meu rosto que agora estavam bem quietinhas porque eu as parei, pois elas iriam parar na minha cara de novo.

"Me desculpa! Só que você me assustou!" Ela falou mais calma, como quem havia sido aliviada de uma árdua carga nos ombros.

Seus olhos verdes estavam esbugalhados, sua respiração estava acelerada e desregulada. Seus cabelos escarlates estavam desgrenhados, em um estado altamente deplorável. Mas, eu não podia falar muito coisa porque estava pior, com uma regata encardida de sangue. Então, com certeza, não tinha moral pra dizer muito coisa à respeito de seu estado.

Acho que preferia o vestido azul limpinho.

Não deu tempo de eu pensar muito à respeito, pois senti outro tapa em minha cara e esse foi estralado.

Acho que alguém está começando a me irritar.

"Ficou maluca, Angel?" Eu perguntei exasperada, me contendo para não gritar com minha amiga louca que insistia em ficar batendo em minha cara.

"Não faz isso de novo!" Ela exclama desestabilizada, com uma voz dura e imperativa.

"Isso o que, criatura?" Eu perguntei já achando que a filha de Ares tinha sérios problemas mentais.

"Angel se você me der mais outro tapa, não vai prestar!" Eu ameacei ranzinza. Já não aguentando mais os seus chiliques.

Tudo bem que eu quase morri, mas não é pra tanto!

Eu aqui tentando lidar com uma quase morte enquanto a outra me estapeia do outro lado, onde já se viu!

Ela iria me bater de novo, mas segurei suas mãos. Ela fechou a cara como resposta.

Olha a ousadia da criança! Eu levo tapa na cara e ela é quem fica emburrada?

"Estou falando sério, Angel! Agora quem vai dar tapa na cara de quem vai ser eu! Ficou louca, sua louca?" Eu exclamei exasperada.

"Não faz isso de novo!" Ela repete de novo, enfática.

Acho que essa criatura endoidou de vez!

"Isso que, diacho?!" Eu pergunto zangada, já não aguentando esse diálogo de gente louca.

"Morrer! Não ouse quase morrer de novo!" Ela pede parando para respirar, se afastando de mim. Eu fiquei boquiaberta, enquanto ela se recuperava de sua crise de puro desequilíbrio.

"Eu não... Angel." Eu nem sequer tive tempo para pensar no que falar, porque mais uma vez ela me surpreendeu. Mas, dessa vez me abraçando.

Graças a Deus que foi apenas um abraço, pois se fosse outro tapa não iria prestar.

Eu abracei de volta, assim que eu ouvi seu choro sufocado. Isso quebrou meu coração. Eu abracei com toda minha força, eu abracei como se não houvesse o amanhã. E, de novo, fiz uma promessa cálida comigo mesma. Prometi que iria tirar todos dali custe o que custar. De que Oceano pagaria, eu faria ele pagar. Até meu último suspiro.

Ele irá pagar pelo que fez comigo. Ele irá pagar por tocar nos meus. Eu juro! Eu juro pelo Rio Estige.

"Vai ficar tudo bem, Angel. Eu prometo!" Eu sussurrei calmamente em seu ouvido, mas, ao invés de ficar calma, ela se afastou de mim desesperada.

O que deu hoje nessa criatura?!

"Não, Maya! Não. Você não vai lutar de novo, por favor! Me prometa!" Ela suplicou angustiada, segurando em meus braços em um aperto firme, mas que não me machucava.

A Filha de PoseidonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora