Capítulo 81 - Inércia - Parte III

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Hillary

Assim que saímos das sombras, eu vi uma clareira sendo aberta pelos meio sangues, eles já estavam montando acampamento e pelo que pude notar, grandes tendas estavam sendo feitas. Meu pai estava no meio dela, a luz da lua refletia sobre seus cabelos dourados, dando a eles um brilho prateado. Contudo, logo nuvens apareceram no horizonte e podia jurar que era na direção de Naxos.

Uma tempestade está a caminho...

Meu pai olhou para mim, tirou uma mão da bolha e a abanou desesperadamente, pedindo pra eu sentar ao seu lado. Eu olhei para o filho de Hefesto que assentiu e caminhamos em direção a ele. Eu me aconcheguei a relva, com a bolha da Maya repousando novamente no chão. Eu dei um sorriso para o filho de Hefesto e lhe falei um obrigado. Ele coçou o queixo e suas bochechas ficaram vermelhas apesar da pele morena que variava entre o pardo e o negro. Não tive muito tempo para olhar mais o garoto porque meu pai explodiu em perguntas.

"Que merda foi essa, Hillary?! Por que vocês demoraram tanto?" Meu pai perguntou aparentando estar tendo um piripaque. Eu olhei para o portal que se fechou com a última leva de semideuses que atravessaram.

"Ihhh, pai nem te conto!" Falei com um sorriso gaiato. "Eles tentaram vir pra cima da gente. Eles apanharam pra tentar conter eles. Nós paralisados com o susto, a Atena teve que dar um berro na gente pra acordar." Eu falei dando uma leve risada. "Só espero que eles levem a melhor nessa." Eu suspirei, ao lembrar dos três grandes segurando Oceano.

"Hum." Ele suspirou. "Tem coisas que vocês não viram, não é de se admirar que tenham paralisado!" Ele olhou para cima, me fazendo olhar também. Algumas nuvens leves cobriram a lua. "Não se preocupe! Lutar com titãs é pesado mas, eles conseguem. Eles são os deuses mais fortes, se eles não conseguirem mais ninguém consegue. Mas, acho muito difícil eles não conseguirem, são só dois titãs e um babaca." Ele fala dando de ombros. "Fácil, fácil!" Ele disse sorrindo pra mim.

Parei um momento para analisar seus olhos para ter certeza se ele estava me dizendo aquilo só para me animar ou se realmente era a verdade. Ele está com uma postura relaxada demais.

Acho que vou confiar nele... - Pensei estreitando meus olhos para ele que me olhou com uma cara de antipático.

Acho que irritei ele!

Pode ter certeza! - Ele revirou os olhos me fazendo rir.

Uma tenda se elevou acima de nós, enquanto conversávamos, colunas feitas de troncos eram firmadas no chão. Não tínhamos mais a visão da lua mas, tínhamos visão da tempestade no horizonte e um precipício, estávamos realmente no topo de uma montanha.

Que loucura! Olha onde fui amarrar meu jegue!

Eu suspirei e olhei para a bolha de água onde Maya estava ainda inerte, me concentrei ainda mais em seu tratamento. Eu estimo que ela acordará em breve. Uma movimentação ao nosso redor atraiu minha atenção. A grande tenda estava sendo finalizada, já com lonas firmadas ao chão, formando paredes, ao meu flanco esquerdo e direito tinham passagens que conectavam com outras tendas que também estavam sendo finalizadas no mesmo ritmo.

Esse é o resultado quando 300 veteranos se juntam para trabalhar. Ainda bem que estávamos preparados para isso!

Colchonetes estão sendo colocados ao nosso redor e pessoas estavam se deitando neles. Reconheci filhos de Hades esgotados que se dispunham a descansar e receber um pouco de energia para diminuir sua exaustão, haviam alguns meios sangues que tinham ferimentos leves e outros que davam atendimento médico comum para eles.

Essa é uma ala médica!

Eu olhei para a tenda direita e a reconheci como uma ala de descanso, a esquerda era uma ala de alimentação, onde já podia sentir o cheiro de uma fogueira sendo acesa, posso jurar que é uma daquelas fornalhas improvisadas. Toda tenda estava sendo mobiliada da maneira que podíamos, com os poucos recursos que trouxemos em nossos mochilões e com os recursos da floresta.

A Filha de PoseidonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora