Livro 1 - Saga A Capa
Na pacata cidade de Santa Mariana, onde absolutamente nada de extraordinário acontece, Luzianna Harper vive sua adolescência ao lado da mãe, a enfermeira Delilah Harper. Assombrada desde a infância pelo acidente que matou o pa...
"Preparado para desvendar o mundo que existe em baixo de nossos olhos? "
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Foi um alívio finalmente estar em casa, a viagem pareceu durar horas, mas quando consultei o relógio do corredor de entrada vi que não eram nem oito e meia. Queenie foi direto para o seu quarto, apenas falou "Me avise quando eu precisar descer." para minha mãe. Mamãe, como se nada tivesse acontecido, começou a preparar a janta. A segui até a cozinha, me sentando na mesa circular e assistindo ela tirar o bolo de carne da embalagem e colocar numa assadeira.
A ânsia por respostas subia de meu corpo até o meu pescoço, se fechando assim como minha mão fechava a garganta de Queenie há alguns minutos. Fechei meu punho com força e senti a dor de minhas unhas em minha palma assim como em meus lábios, pela forma qual eu os mordia. Mamãe pareceu perceber isso, com um sorriso maternal ela se virou para mim.
– Vá tomar banho, deve estar cansada.
Por um momento, fiz menção de levantar, mas decidi ficar ali mesmo. Era agora ou nunca, eu precisava de respostas.
– Eu preciso falar com você.
– Pois bem, então fale. – Ela riu enquanto pegava dois copos e os enchia de água do filtro. Ela me ofereceu um.
– Por que mataram o papai?
Dei um gole no meu copo enquanto assistia mamãe engasgar com o dela. Ela demorou para se recompor, percebi que aquilo era novo para ela também, por um momento me arrependi de dizer isso.
– Como assim? Seu pai morreu em um acidente de carro. – Ela se levantou, indo em direção ao fogão para ver o estado da carne. Mesmo que quisesse demonstrar estar bem, pude perceber a forma qual seus dedos tremiam ao segurar o puxador do forno.
– Você sabe que não foi um acidente! Eu sei que não foi!
– Você era muito pequena, Luzianna, não sabe de nada.
– EU SEI DE TUDO! Eu sei que papai morreu em uma espécie de duelo doido, sei que há um homem assombrando os meus sonhos nos últimos meses e que ele esta atrás de mim, assim como sei que Queenie está do lado dele, quando você me achou eu estava fugindo dela. Ela quer me matar, sequestrar ou Deus sabe o que!
– Luzianna...
– Não tente inventar desculpas! Cada dia, cada ano da minha vida você mentiu para mim. Acha que eu nunca percebi? As palavras que papai soava em meu ouvido, como eu era uma criança muito imaginativa ou com sonhos muito vividos. O que você está escondendo de mim? Eu sei que está.
– Luzia, querida. – Ela tentou se aproximar, tentava sorrir maternalmente, mas as lágrimas em seus olhos a davam uma sensação de loucura. – Não há nada de errado, nada.
– NÃO MINTA PARA MIM!
O copo em minhas mãos voou em sua direção, o copo atingiu seu ombro direito, gerando um corte que começou aos poucos a manchar sua blusa de sangue. Mamãe urrou com a dor, usou sua mão para estancar o sangue, que também se manchava de vermelho. Ela se sentou na cadeira a minha frente, agora ela sentada e eu de pé, não olhava nos meus olhos.
