Capítulo 4

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Eu acordei em um quarto que não era o meu, todos da família real estavam ali olhando para mim como se estivessem um bom tempo me esperando acordar, Levy me abraçou assim que abri os olhos.

- Se você não fosse imortal eu te mataria agora mesmo! - exclamou e me deu um tapa gigante no braço - Sua escrota do caralho! - senti ela chorar e sorri.

- Isso é amor? - a outra menina baixinha e azulada perguntou e eu neguei com a cabeça, ela só tinha 99 anos, era uma criança.

- O que eu perdi? - perguntei e Levy se afastou.

- A adrenalina da queda não deixou você sentir que havia se machucado, hora que ela passou você caiu como uma pedra, nós te trouxemos pra cá até você se curar, foi mais rápido que o esperado, Wendy, você me deve um grande bolo de chocolate - ela amava isso, espera, elas haviam apostado quanto tempo eu demoraria para me curar? Que amiga.

- Você salvou a vida da minha noiva - Gajeel comentou - Sem se importar se você ia se machucar, entregou ela sem nenhuma arranhão - ele sorriu e eu sorri.

- Levy é como a minha família para mim, eu sempre vou salvar ela sem me importar comigo - ela me abraçou de novo.

- Tá, mas eu ainda acho que devemos nos preocupar com o assunto principal - Sting falou e Gajeel se virou para ele.

- Levy é o assunto principal! - o clima no quarto esquentou de repente, eu torcia para uma boa briga real, pude sentir que Levy também, mas o clima esfriou junto com o grito de Grandine que deve ter assustado todo o inferno.

- O assunto é porque anjos aquela coisa estava no dormitório de vocês, já que sempre atacam os soldados mais próximos quando fogem - olhei com a maior cara de eu não faço a menor idéia para o rei que olhava de mim para Levy e da Levy para mim.

- Isso! - Sting comentou e olhou para mim - Blondie, ele falou algo? - neguei.

- Só que estava sentindo nosso cheiro, se referiu há nós, não somente há uma só - falei e eles fingiram um tombo.

- Que merda, bom, como agora você trabalha diretamente com o Natsu, vai ficar nesse quarto, assim a Levy pode sempre estar com você já que são tão próximas e você se dedica mais há ela do que você - assenti.

Todos foram saindo, mas Natsu continuou ali, me olhando, ele estava com um olhar curioso, não olhava para alguma parte do meu corpo, olhava para mim ao todo.

- Foi assim que você morreu - ele comentou.

- Não, foi assim que eu salvei duas vidas - respondi e olhei para baixo.

Eu sempre quis saber o porque de ele ter me dado essa oportunidade, nunca tive chance de perguntar, antes que eu tivesse ele se virou e caminhou até a porta.

- Não pense nos outros quando estiver frente há frente com um anjo - e saiu, me deixando ali.

Eu fui até o banheiro e tomei um banho longo, na água quente, pelando, era assim que eu gostava desde a minha vida, saí e vesti uma roupa, caminhei até o relógio de meu pai e toquei ele, estava em casa novamente, andei por ela toda, fazia um tempo eu não via ele, desde 2 anos atrás, Levy sempre me buscou antes de ele chegar em casa, sentei na cama dele e senti seu cheiro, mas vinha junto com um peculiar, olhei para o retrato e tinha a foto dele com uma mulher, não era a minha mãe, só então eu voltei andando pela casa e percebi que todos nossos retratos haviam sido trocados por uma foto dele com essa mulher e uma menina, arregalei os olhos, não podia ser. Impossível! Eu estava na sala quando ele chegou carregando a garotinha, passou por mim sorrindo, a mulher entrou em seguida.

- Jude! Cuidado, a Michelle! - ele olhou para ela com a menina e riu mostrando a língua.

Ela devia ter a por volta de uns 3/4 anos, subi novamente e notei que a porta do meu quarto que sempre ficava aberta estava fechada, abri e encontrei todas as fotos e coisas da minha mãe junto com as minhas, ele estava nos deixando, eu podia sentir, meu cheiro e a presença dela estavam sumindo da casa, ele estava se esquecendo dela. Voltei para o inferno e caí diretamente na biblioteca de Freed.

- O que acontece quando um alguém que nós amamos se esquecem de nós? - perguntei e ele me olhou triste.

- Se uma alma é esquecida, ela simplesmente some, não há cemitério de almas ou rio que consigam manter mais ela, o humano vivo não pode esquecer nunca de uma alma - ele levantou e veio até mim - Você descobriu, não é? Que seu pai se casou e teve uma filha - assenti - Levy e eu vinhamos tentando não deixar você saber sobre isso - arregalei os olhos e caí de joelhos chorando.

- Ela vai ser esquecida, meu pai vai esquecer a minha mãe! - gritei e chorei mais - Ele jurou para mim que ia amar ela mesmo quando não fosse mais possível! Porque!? PORQUE!? - gritei e senti que uma força crescia dentro de mim.

Um grito, foi o suficiente para Freed ir parar nas prateleiras de livros, eu continuei chorando até que a força se apagou novamente, foi então que eu ouvi o gemido dele de dor e corri para ajudá-lo.

- Me desculpa! - exclamei e ele sorriu.

- Tudo bem, vem - ele pegou na minha mão e nós estávamos em casa novamente - Seu pai nunca deixou de amar a sua mãe, toda noite ele para na porta do quarto e diz para a bebê que no quarto dorme duas grandes mulheres que podem proteger ela sempre que ela pedir por ajuda, ele diz que as amou tanto, mas que não pode ficar com elas, só que como elas também amaram muito ele, sempre iam proteger qualquer um que ele amasse - sorri triste - Layla Heartfilia era uma grande mulher, mesmo carregando uma maldição em seu coração houve bondade e isso fez com que ela nunca fosse esquecida, por ninguém que há conheceu, nunca.

Entre a terra e o infernoWhere stories live. Discover now