Capítulo 3

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Diferente de como os humanos narram o inferno, aqui não é como nas ilustrações, é um lugar bonito, tirando o cemitério das almas e o rio pela qual as almas ruins que morriam e não eram jogadas ao cemitério diretamente, tem um mar, onde os demônios vêm para cumprir a redenção ou passar o tempo, tem florestas, tem rios, cachoeiras, é um lugar lindo de se viver, nunca é frio de mais ou calor de mais, um lugar que eu sempre evitava também era a floresta dos suicidas, era um dos portais para as pessoas que morriam e teriam de ser julgadas, lá elas ficavam agonizando todo dia, no mesmo horário de sua morte, era um crime tirar a própria vida. Eu passei por lá quando vim com o Natsu para o inferno, foi horrível, os gritos, tinham crianças, adultos, idosos, todos remoendo seu passado e sua dor, as almas ficavam ali até se arrependeram, tinha também o pântano dos abortos, se você não cumprisse a sua missão de nascer ficava lá, presos nas árvores, fetos de todos os tamanhos, até mesmo alguns bebês que tiveram o amor da mãe recusados, muitos dos que chegavam ali com vida eram adotados pelos demônios humanoides das várias vilas, eles eram almas que morreram, se arrependeram de seus pecados, mas não queriam se deixar levar pelo caminho celestial. A maioria dos cavaleiros vinham das várias vilas.

- Pensando em? - olhei para Levy na porta do antigo quarto dela e sorri, até suas roupas haviam mudado.

- Em como você vai ficar linda no dia do seu casamento - ela fechou a cara na hora e veio até a minha cama, onde deitou do meu lado.

- Ele tentou me tocar essa noite! Quase me beijou, acredita!? - ela revirou os olhos - Aquele mer... - nós paramos de falar assim que Plue, eu havia invocado quando cheguei no quarto pulou sobre a cama tremendo mais que vara verde.

- Ele sempre faz isso quando Thanos ou Cerberus está por perto - comentei, Thanos ia ali quando não não o buscava, Cerberus ia para buscar algum junior que havia se envolvido com humanos, eles eram castigados, eram jogados no cemitério das almas e ficavam até confirmarem que a humana não estava grávida ou que o humano não se lembraria mais se for mulher no caso.

Por acaso o barulho que ouvimos não era de cachorros, uma coisa que os juniores tinham que as pessoas com sangue real ou símbolo real não tinham era que nós poderíamos ser atacados há qualquer momento pelas criaturas infernais, já que ainda corria sangue pela nossa veia, não um sangue preto puro, mas o vermelho, nós ainda cheiravamos há humanos, e isso sempre atraía alguma criatura fugitiva para nós. Hoje era um dia em que todos os juniores iam para a terra fazer vários nadas, como eu e Levy éramos as excluídas, a gente sempre ficava no quarto.

- Mau dia - Levy comentou quando Plue sumiu e o barulho estava ficando cada vez mais próximo.

- Droga de vida - falei e apertei a baixinha contra meu peito já que ela tremia igual o Plue segundos atrás, antes dele voltar para o mundo espiritual.

- Eu sinto o cheiro de vocês - os que falavam eram os piores, eles falavam como cobras, sabe a Kha do filme Mogli? Imaginem ela falando, mas no lugar de uma cobra magnífica temos uns negócios feios e assustadores.

- Mau dia - Levy falou de novo e eu senti que meus peitos estavam ficando molhados, ela estava chorando.

Olhei para a janela e para a porta, levantei com a baixinha no colo e andei na ponta do pé até a janela que tinha vista para o jardim dos fundos do castelo, onde os soldados treinavam, nesse horário não teria ninguém ali, mas se nós caíssemos antes do bicho nos pegar podia gritar por algum dos cachorros. As criaturas que falavam também eram um pouco mais forte que os juniores, então é aconselhável correr até encontrar um cavaleiro, soldados eram juniores, cavaleiros reais matavam elas, soldados não.

- Isso vai doer, mas temos que o fazer - falei e ela me olhou finalmente de olhos arregalados, olhou para a janela e para mim, fez isso várias vezes até que eu ouvi as unhas na porta e me joguei de uma só vez.

Abracei Levy de forma que fosse me machucar mais que ela e senti o chão, quando eu senti o duro nas costas eu gritei Thanos com toda a minha força, ele não apareceu, só um gato com asas azul que fez com que a fera voasse para onde o cachorro estava, ele bagaçou com o bicho, o gato veio até nós e atrás dele veio um preto mais punk.

- Vocês estão bem!? - ele perguntou.

Gatos com asas eram dos príncipes, todos tinham um, mas eu nunca tinha visto eles.

Levy e eu levantamos.

- Ficou louca!? E se não tivesse dado tempo de algum dos animais aparecer!? - ela gritava enquanto me dava tapas, era um combo?

- Você está bem, não? Então é isso que importa - falei e sorri coçando a nuca.

- Estranho, eles raramente vão direto para o dormitório de vocês, sempre atacam o soldado mais próximo - o gato preto falou e coçou a bunda quando as asas sumiram e ele caiu sobre ela.

- Vamos, devemos relatar ao rei - o gato azul comentou - Aliás, meu nome é Happy e esse é o Lili - apontou pro preto e eu e Levy rimos enquanto ele fazia cara feia.

- Nome muito masculo - comentei e ele me mostrou a patinha do meio me fazendo rir mais forte, isso me fez sentir um desconforto na costa, continuei rindo para não mostrar que doía.

Nós entramos na sala do trono no momento exato de uma reunião familiar, péssima hora, todos ficaram olhando para nós, como sempre entramos de cabeça baixa.

- Oque fazem aqui? - o rei perguntou enquanto nós nos curvavamos.

- Relatórios, senhor - falamos juntos, os quatro.

- Você, o que fazia com ela? - Levy levantou o rosto e olhou para mim.

- Ela é a minha amiga, vou estar sempre com ela - olhei para a baixinha e neguei com a cabeça, doida, só pode, por responder a rainha.

- Lili, Happy, o que vocês faziam com elas? - Gajeel perguntou e vi Levy abaixar a cabeça, eu continuava com o tronco baixo, mas levantei quando tive ordens.

- Nós estávamos apostando corrida no redor do palácio quando elas pularam do nada! - Happy exclamou, todos arregalaram os olhos.

- SABEM QUE NÃO PODEM MORRER! PORQUE TENTARAM SUICÍDIO!? Você, se não queria se tornar um demônio, porque aceitou o pacto!? E você, podia simplesmente ter recusado ficar quando soube sua origem! - a rainha parecia brava.

- Tá loca mulher? - Igneel comentou com cara de paisagem após arrumar sua postura pós susto, todos da sala também.

- Não senhora! - Lili exclamou entrando na nossa frente quando ela levantou e veio até nós - Elas não estavam tentando suicídio! - ela parou de forma sugestiva - Atrás delas vinha uma criatura do cemitério das almas, estavam fugindo - todos arregalaram os olhos.

Eu só me lembro disso antes de tudo ficar escuro.

Entre a terra e o infernoМесто, где живут истории. Откройте их для себя