Prólogo

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20/04/2000

Esse é o dia da minha morte.

Eu havia acordado cedo como todos os outros dias, busquei o pão na padaria para meu pai e como sempre a senhora que morava na esquina me entregava uma flor, ela dizia que ver meu sorriso fazia ela se sentir próxima da filha que havia morrido há alguns anos; preparei o café e subi para tomar um banho. Vesti o uniforme da escola assim que saí, era uma camisa branca com a logo da escola e uma saia, os sapatos era de nossa escolha, então eu sempre usava o mesmo allstar velho e sujo, prendi o cabelo em um rabo de cavalo e desci para encontrar meu pai reclamando do café amargo de mais.

- Espero que um dia, quando se casar, que seu marido faça o café - falava enquanto revirava os olhos e tacava açúcar na xícara.

- Se estiver achando ruim, faça o senhor mesmo - mostrei a língua para ele que riu.

Eu e meu pai não tínhamos uma boa conexão quando a minha mãe faleceu alguns anos atrás, ela teve um câncer e isso tirou ela de nós dois, com o tempo descobrimos que um era o pilar do outro, isso fez com que virassemos melhores amigos um do outro. Terminei o café e saí para ir há escola, não era tão longe, mas não era tão perto assim, na volta eu sempre fazia o caminho mais longo, para passar no rio em que eu, meu pai e minha mãe íamos quando eu era criança, era lá que eu estava, sentindo os peixinhos passar pelos meus pés quando eu ouvi o grito dela, talvez se eu não fosse curiosa eu estaria viva, mas só talvez já que eu segui o som, quanto mais perto eu ficava mais eu ouvia, foi então que eu vi um homem velho e asqueroso sobre uma menina pequena e desesperada, foi como um reflexo, eu empurrei ele na intenção de salvar ela, mas não pensei em mim. Eu pude ver ela correr, mas eu não pude acompanha-la, só pude gritar para que ela não parasse em hipótese alguma, acho que não parou, em segundos ela sumiu e eu estava ali, sentindo o homem sobre mim, ele estava me sufocando, minha visão foi ficando embaçada e eu não tinha mais ar "alguém me ajuda" foram as últimas palavras proferidas por mim antes que eu não sentisse mais nada, tudo havia ficado escuro e mudo.

Eu abri os olhos novamente e levantei assustada, minhas roupas estavam rasgadas e tinha sangue por todo meu corpo, estava confusa e não sentia nada, só caí em mim quando alguém se aproximou, tinha uma energia forte, eu fiquei assustada no começo pensando que podia ser o homem de antes, então eu corri, na direção do rio, antes que eu chegasse bati em algo e fui ao chão novamente.

- Para uma humana você é rápida, mas para uma morta - arregalei os olhos e criei coragem de olhar para cima, os olhos dele tinham uma cor única, os cabelos eram rosas, ele usava um sobretudo preto e um cachecol - Mas você não é tão rápida quanto eu - foi nesse momento que a minha "vida" começou realmente, quando Natsu Dragneel entrou nela de supetão.

Entre a terra e o infernoWhere stories live. Discover now