Capítulo 7

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- SOCORRO! - acordei com o grito e olhei em volta, não estava no meu quarto, estava no meio de uma floresta - SOCORRO! - alguém gritava, eu não conseguia achar a pessoa, mesmo os gritos vindo de tão perto.

Continuei correndo até que vi a Michelle de baixo do mesmo homem que me matou, ela não gritava mais, ela não se mexia, enquanto isso ela ria, e olhava para mim, ele sabia que eu estava ali e ria olhando para mim. Dizem que não temos medo, eu tinha muitos medos, perder a Michelle era um desses, perder a Levy, meu pai, eu não queria perder as únicas pessoas que ainda mantinham o resto de sanidade no meu corpo, esses eram meus maiores medos. Ver ela ali me fez gritar, com toda a minha força, quando dei por mim Freed estava do meu lado me abraçando, ele nos levou até o quarto da menina, onde ela dormia de forma doce e sorridente, ela sempre sorria quando eu estava por perto, porque ela sabia que eu estava ali.

- Ela está bem, viu? - eu assenti e deitei meu rosto no peito dele para chorar - Seus pesadelos estão ficando frequentes - olhei para ele assim que nós voltamos, Natsu, Rogue e família estavam no meu quarto olhando para a minha cama, tanto Natsu quanto Rogue voaram no esverdeado.

- O que fez com ela!? - Natsu perguntou enquanto tentava socar ela.

- Onde levou ela!? - Rogue perguntou enquanto também tentava socar ela.

- Parem! - gritei e eles pararam - Eu tive um pesadelo e ele me ajudou - falei e senti uma gota descer pela minha cabeça, gota de desgosto.

- Com o homem que te matou? - Levy perguntou e eu assenti - Natsu, acho que está na hora de cumprir com a sua parte do pacto - ele assentiu e veio até mim.

- Vou me trocar, encontro você no portão em dez minutos - assenti e expulsei todos do meu quarto para vestir a minha roupa.

Ele apareceu com o Happy e com o Thanos, que abanou o rabo assim que me viu, me fazendo sorrir.

- Demônios não têm pesadelos, eu sinto muito por não ter feito isso antes - neguei com a cabeça e sorri sem graça.

Natsu nos levou até uma casa velha na mesma floresta que tudo havia acontecido, da janela eu pude ver ele, com uma velha sentada sobre seu colo, mas ele não olhava para ela, olhava para o retrato na parede.

- A menina que você salvou era a filha dele, foi a primeira e última vez que ele tocou ela, quando ela correu encontrou ajuda e foi levada da cidade dias depois - Natsu comentou, assim ele gozou jogou a mulher para o lado e vestiu a roupa, ele veio até a janela onde tinha uma pia e lavou a mão.

- Toda vez é essa merda! Porque não vai atrás de alguma novinha pra te satisfazer então, seu bosta!? - a mulher vestiu a roupa e saiu, ela passou por nós e chutou um caixote e por acaso de lá nós ouvimos um grito - Sua prostitutazinha barata! - ela chutou de novo e montou na caminhonete velha para ir embora.

Um tempo depois ele foi até o caixote e tinha uma menina dentro da caixa, devia ter por volta dos 8 anos, parecia assustada.

- Veja como um cão infernal trabalha na terra - falou e antes que o homem terminasse de rasgar as roupas da criança Natsu gritou - THANOS, PEGA! - e soltou a corrente do cachorro que cresceu duas vezes seu tamanho.

Eu corri até a menina e tapei seus olhos, o cachorro jogava ele para lá e para cá, ele estava agonizando, eu podia sentir, foi então que com um sinal o cão parou e Natsu olhou para mim fazendo um sinal com a cabeça, Happy tomou meu lugar tapando a visão da menina que chorava assustada.

- Você - ele falou quando eu me aproximei - Sua vadia desgraçada - ele sorriu - Eu estava guardando ela, sabia? Por sua culpa eu nunca soube seu gosto, mas experimentei você, foi uma delícia, você nem se mexia! - ele cuspiu o sangue no chão, de repente ele arregalou os olhos - E-eu matei você!

- Diga que se arrepende - falei e ele negou sorrindo - Diga! - exclamei e ele olhou para o Natsu que tinha os olhos vermelhos de raiva.

Não me arrependo ele disse, mas em seguida pediu piedade, quando Natsu mostrou sua forma, as asas, os chifres, nem eu já havia visto essa forma dele, o homem rezou e rezou, mas antes que ele terminasse Natsu explodiu a cabeça dele.

- Tinha uma menina loira aqui, ela me ajudou! - a menininha falava para a mãe que abraçava ela chorando - Eu não estou louva, eu vi a moça loira que me ajudou, mãe! - Natsu fez tudo parecer um ataque de lobos, todos acreditaram, mas ninguém desconfiou que ali não tinha lobos.

Nós caminhamos até o rio, onde ele sentou em uma pedra e ficou olhando para um lugar onde tinha um pequeno canteiro de rosas.

- Foi aqui que eu te vi a primeira vez - olhei para ele, Happy havia voltado já fazia tempo - Eu estava pensando em abdicar o trono e viver como um humano, sentei nessa mesma pedra e fiquei, foi quando você chegou, toda tarde você vinha, tirava o tênis, o mesmo por sinal - olhou para mim e fez careta, ai voltou olhar para o mesmo lugar - Colava os pés na água e sorria quando os peixes nadavam entre seus pés, toda tarde, sem falta eu sentava aqui para ver você, mas você não me via, não importa o quão eu tentasse chamar sua atenção - ele sorriu triste - As pedras que eu jogava na água, você sempre dizia: peixes doidos! Sempre pulam do nada, é pra morrer mesmo - ri da tentativa de imitar a minha voz - Eu andava nas folhas e ao invés de se assustar, você dizia: Esses animais, pensam que me enganam? Não! E ria - ele sorriu - Então eu desisti e só ficava te olhando, era sempre o mais próximo que eu conseguia estar de você, uma garota que vem no meio do nada e que não tem medo de nada - como em qualquer outra vez ele levantou de uma vez e me puxou pela cintura, mas dessa vez foi diferente, eu queria deixar e eu deixei, que Natsu me beijasse, porque eu estava disposta há não correr mais.

Entre a terra e o infernoWhere stories live. Discover now