Capítulo 1

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Meu processo para me acostumar ao inferno foi longo e doloroso, principalmente porque às vezes eu voltava há terra e via meu pai chorando no meu quarto, abraçado nos tênis que eu havia deixado no rio, foi a única pista que a polícia tinha encontrado quando eu desapareci, ele não me via, mas eu sempre dava um jeito de ver ele. Aos pouco é claro ele superou, não 100%, mas uma vez sendo um Heatfilia, você é para sempre um Heartfilia, isso nos tornava forte, bom, foi o que ele me fez pensar quando minha mãe morreu.

- Porque não me surpreende te encontrar aqui? - olhei para Levy, minha amiga.

Levy era uma mestiça, filha de um conde infernal com uma humana, quando ela nasceu foi trocada pelo pai por um bebê morto, ela me ajudou bastante quando Natsu me trouxe ao inferno e quase todos julgaram ele já que eu era uma simples humana, como ela também era deslocada nós viramos amigas, no final descobriram que alguém da minha família havia feito um pacto há gerações atrás pedindo por poder e isso se tornou esquecido em nosso interior, de geração em geração isso era passado como uma maldição, era o câncer que matou minha mãe e poderia ter me matado também se eu não tivesse ido até a floresta aquele dia, a maldição morreu comigo. Levy e um sacerdote do rei descobriram isso um tempo depois que eu havia chegado, no inferno só 3 pessoas podiam usar o que eu carregava comigo, eu fui a terceira, era um conjunto de chaves que invocava os animais do zodíaco, mas dependendo de quem carregava eles, podiam ser bizarros e assustadores, a única menos assustadora era um cão menor que não estava entre as 12 principais, era como um animal de estimação baseado nas constelações, o nome dele era Plue, era fofo e me divertia quando Levy estava em alguma missão.

- Porque já faz alguns bons 10 anos que nós estamos nessa - respondi rindo.

Era para ser meu aniversário de 26 anos hoje, por isso eu estava ali, ela me fez sair antes que meu pai viesse com o bolo e comesse chorando depois de cantar os parabéns para a minha foto.

- Toma, isso é para você, Freed encontrou perdida no calabouço do castelo, pertencia há um anjo que traiu os céus - ela me entregou a chave sorrindo e em seguida me abraçou - Feliz aniversário - eu sorri e à abracei de volta.

Era a chave que pertencia ao cruzeiro do sul, Crucx o nome, ela poderia me responder qualquer pergunta, desde que eu estivesse disposta há saber a resposta. Nós caminhávamos pelos corredores do castelo quando fomos chamadas até a sala do trono, o castelo era grande o suficiente para fazer 5 anos que eu não visse o Natsu, apesar de quê sempre ouvia sobre onde ele estava, eu evitava ele desde nosso último encontro.

Quando eu cheguei Natsu e eu tínhamos feito um pacto, ele me tornaria imortal e eu trabalharia para ele, para selar o pacto era preciso sexo, foram 5 longos anos correndo disso, mas de algum jeito ele conseguiu me levar para a cama, foi a melhor noite da minha vida, no dia seguinte tinha um selo rosa na minha mão, ele não estava lá, concluí que após o pacto ter se concretizado nós não precisávamos mais se ver, então eu vinha evitando ele, algumas vezes de forma intencional, outras também. Nós entramos e como sempre os olhos tinham de ser mantidos no chão até ordens reais de levantarmos eles, eu e Levy entramos e nos curvamos.

Igneel era o segundo sucessor do trono infernal, uma cria de Lucifer que se aposentou e abdicou dos poderes para finalmente morrer, ninguém sabe se ele morreu mesmo, desde então há milênios seu filho vem comandando tudo, o próximo será Natsu, foi o que eu soube através de Freed, o sacerdote.

- Senhoritas, por favor, podem ficar de pé - assim fizemos.

- Ela é realmente bonita, Gajeel - há quem estavam se referindo?

Olhei para Levy que também me olhava sugestivo.

Igneel havia tido irmãos, mas todos morreram, isso fez com que ele ficasse com seus filhos, após Natsu vinha o Gajeel, príncipe dos metais, Rogue, o príncipe das sombras, Sting, o príncipe da luz e Wendy, a princesa dos ventos, como Grandine, a grande rainha, Natsu era o grande príncipe das chamas.

- Vocês são demônios junior, certo? - se você não era da realeza, da geração de sacerdotes, do exército ou tinha o sangue puro, você era um junior, Levy era filha do conde, mas isso não fazia dela menos mestiça e eu, bom, você conhece a minha história.

- Sim, vossa alteza - respondi e abaixei a cabeça.

Por incrível que pareça eu tinha mais medo de olhar para Grandine do que para Igneel.

- Vocês são mulheres muito lindas, sabiam disso, certo? Principalmente você, loira - levantei os olhos assustada com o comentário dela e senti minhas bochechas ganhar uma cor desnecessária.

- Obrigada - respondemos em uníssono e sorrimos com isso, Levy e eu éramos irmãs, eu tinha certeza.

- Vá direto ao assunto - a voz do Natsu estava diferente, talvez porque fazia tempo que eu não ouvia ela.

- Bom, como sabem, vocês estão aqui por algum motivo, Freed não está treinando vocês nesses 10 anos por nada - entreolhei para Levy e voltei meus olhos para a rainha.

- Loira, eu sei sobre seu pacto com meu filho - corei novamente nesta merda - Você receberá missões há partir de hoje, ele não vai mais poder sair para realizar elas já que estará ocupado resolvendo coisas de seu casamento - oi?

Porque quando o babado é grande não chega até eu e a Levy? Como assim ele vai se casar? Aquelas cozinheiras malditas.

- Isso faz parte do acordo - ele complementou, claro, ter tirado a minha virgindade também - Cumprir as missões impostas há mim é o trabalho pela qual eu falei - assenti.

No pacto, a minha imortalidade vinha com a morte do desgraçado que me matou, ela seria dolorosa e impiedosa, quando ele decidisse que fosse o momento certo, já estava me perguntando quanto tempo mais isso ia demorar.

- E você, anã - Levy apertou a mão e eu quis rir - Se casará com meu filho, foi o último pedido de seu pai antes de falecer, que você entre para a família - nós duas arregalamos os olhos.

Nós éramos imortais até a espada de um anjo atravessar nosso peito ou a lágrima de um pingar sobre alguma ferida, isso significava redenção, mas não podia ser de qualquer anjo, devia ser de um arcanjo, redenção significava o fim de um demônio, pois ele encontrava a paz e sumia ao por do sol como cinzas. Quando um herdeiro direto de Lucifer resolvia nos matar, a gente também não era mais imortal.

Entre a terra e o infernoWhere stories live. Discover now