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Lua Oliveira, 20 anos.

Lua Oliveira, 20 anos

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Lua 🌙

Juntei todos os meus livros, cadernos e meu estojo na mesa, joguei minha bolsa na mesa e comecei a arrumar.

Eram nove da noite, a minha sala era uma das únicas com a luz acesa, pela janela eu via as luzes do morro.

Dar aula na Rocinha não é nada fácil, passar por mil coisas, ameaças, ter que aturar deboche, várias coisas, por amor.

Minha turma tem 20 alunos e quando eu acho isso pouco, lembro das outras turmas, que se possui 10 alunos, é muito.

Eu morava umas cinco ruas antes do morro e mesmo de lá consigo sentir a criminalidade e a adrenalina.

Sou professora daqui pro amor mesmo, porque sei que ainda sim, eu posso mudar o futuro de alguém, nem que seja de apenas uma pessoa.

Mas enfim, quando terminei de guardar meu último caderno, escutei passos e em seguida alguém assobiando.

Virei no susto mesmo, vi um moreno alto, com cara de bandido e isso se confirmava pelos fuzil nas costas, a camisa no ombro, pistola na cintura e várias outras coisas.

Nos encaramos por um tempo e ele foi se aproximando.

Lua: Olá, boa noite..- Falei colocando a mochila nas costas..- Acho que você errou o caminho.

Índio: Por que tu acha isso? - Perguntou com uma voz grossa, fodidamente gostosa.

Igual a ele!

Índio: Por eu ser bandido? - Concordei.

Lua: Geralmente esse não é o lugar preferido de vocês.

Índio: Pouco papo e mais atividade! - Passou a mão no meu rosto.

Delicadamente, eu dei um tapinha na mão dele que foi parar no meu pescoço.

Lua: O senhor poderia soltar? - Encarei os olhos dele.

Índio: Sou o dono do morro, tá ligada? Não te dei confiança pra tu vim me encostar!

Lua: Eu também não te dei.- Ele me encarou.

Índio: Tenho que repetir quem eu sou? - Neguei.

Lua: O dono do morro, se eu não me engano, pingo, né? - Puxei a minha cadeira e sentei.

Índio: Índio! - Respondeu olhando eu volta.- Pq tu tá aula pra cá? Sem bosta nenhuma pra tu, aposto que nem ganha salário! Tu é otária?

Lua: Pq você cuida dos moradores? Se tem até alguns que te denunciam?

Índio: Namoral, tu é muito saidinha! Te perguntei isso não, piranha.- Sorri.

Lua: Eu posso ir pra casa agora? Tô com fome.

Índio: Vim saber do meu filho, como ele tá e pá.

Lua: Péssimo horário, tenta amanhã.- Me levantei e fui saindo, mas ele puxou meu braço.

Índio: Eu vim hoje, pq eu quero pra hoje! - Segurou meu rosto deixando nossos rostos bem próximos real.

No MorroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora