16.

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“Que fazes aqui?” eu pergunto-lhe.

“É a minha nova casa” ele diz ligeiramente confuso.

“É o meu filho mais velho, Eve” ela finalmente explica. “Liam volta para cima, deixa-nos conversar um pouco” ela pede gentilmente e ele assente voltando para cima.

O meu pai manteve-me escondida por nove anos, arranjou uma nova mulher três anos depois da minha mãe falecer, como é que ele conseguiu digerir isto tão bem, como é que eu nunca pensei que a razão de toda as suas demoras quando combinávamos jantar juntos era por causa de uma nova mulher. Ele calculou tudo tão bem.

E eu que sempre acreditava nas suas desculpas, que estupida.

‘ hoje vou chegar um pouca mais tarde, desculpa filha ‘

‘ tenho muito trabalho hoje não vou poder ir ‘

Eu sento-me no sofá preto da sala e espero ansiosa que ela me diga a razão por me ter chamado aqui.

“Eu nunca soube de nada, se ele me tivesse dito antes tu nunca estarias fechada por tanto tempo, acredita” ela olha diretamente para os meus olhos, e eu vejo o brilho nos dela.

“Isso realmente não me interessa” digo-lhe “Não quero saber de mais nada que tenha haver com ele” contenho as minhas lágrimas, não vou aguentar muito mais.

“Ele está tão arrependido” quase riu com a sua falsa confissão.

“Não precisas de o defender, ele é meu pai e eu conheço-o demasiado bem para saber que ele nunca se vai arrepender de nada do que fez” ela acredita demasiado nele e eu não a censuro.

“Achas mal Evelyne” ouço a voz grossa do meu pai mesmo por de trás de mim. “Errei tanto contigo” ele coça a parte de trás do seu pescoço mostrando algum nervosismo.

Não vou cair novamente, não vou deixar levar-me novamente pelas duas desculpas, apesar de ele me esconder por nove anos, ele esconde-me algo que dificulta tudo na minha vida.

“Eu tenho de ir” digo-lhes.

O meu pai tenta aproximar-se de mim e eu afasto-o, saiu dali o mais rápido possível para que nenhum deles me impeça de o fazer.

Estou exausta, estou tão cansada de puxar todos os dias pela minha cabeça para conseguir perceber o motivo do meu pai.

“Evelyne” ouço a voz rouca e melodiosa do Harry e viro-me para encontra-lo.

“O que queres?” pergunto-lhe com o mesmo tom frio que ele me falou de manhã.

“Vem comigo” ele agarra no meu braço e puxa-me gentilmente até ao seu carro.

Ele deixa-me sempre confusa, ele tem certamente uma doença rara e hoje ele provou ainda mais isso.

“Vamos onde?” pergunto-lhe.

“Logo vais saber” ele abre um sorriso e eu começo a ficar ligeiramente assustada.

A música que ele acaba de pôr é demasiado irritante, e eu mudo novamente para a rádio e ele desvia o olhar da estrada para mim.

“Então?”

“Tens uns gostos péssimos” eu digo-lhe e desvio o meu olhar para a janela.

“Pai, é primavera é época mais bonita, leva-me à rua por apenas umas horas” eu pedi-lhe.

“Não Evelyne” ele gritou.

“Por favor, eu juro que não te peço mais nenhuma vez” imploro.

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