– Você acha que a vida é justa?

Solto um ar num tipo de riso ao ouvir sua pergunta.

– Claro que não.

– Você acha que coisas ruins acontecem com pessoas boas sem nenhuma razão? – ele questiona, e imediatamente viro o rosto na sua direção, tentando entender o motivo dessas perguntas agora – Acha que as pessoas merecem tudo o que enfrentam?

– Não, tem muito filho da puta se dando bem por aí, enquanto muita gente boa só toma no cu – respondo, tirando uma risada dele pelo meu jeito de falar – Tem gente que paga pelo que faz, e tem gente que não, o mundo é assim.

Ele concorda, para então virar na cama de frente para mim, deitado de lado e com as mãos enfiadas debaixo da bochecha.

– Acha que todo mundo é feliz um dia?

Ele questiona, mais uma vez, me olhando como se tudo o que eu dissesse fosse a única e mais absoluta verdade.

– Acho, acho que a vida é feita de momentos bons e momentos ruins, ninguém é cem por cento feliz ou triste o tempo todo.

Ele pisca e então solta o ar, balançando a cabeça em afirmação.

– Às vezes eu tenho a sensação de que o que eu sinto é real – murmura, tão baixo que não tenho certeza de que ouvi certo.

– E o que você sente?

Taehyung sorri, dando de ombros.

– Não sinto nada.

– Nada? – arqueio as sobrancelhas.

– Nada, é como se nada fosse real, como se nada importasse de fato, como se... como se eu estivesse morto.

– Sei como é – digo, me perdendo nos meus pensamentos, na última memória que tenho de quando me senti assim.

E a última vez foi depois que a minha mãe faleceu, a sensação era de que a dor nunca iria passar, que eu viveria aquele inferno pra sempre, a dor não foi embora, mas hoje em dia não me afeta tanto, é algo pequeno dentro de mim com o qual eu tenho que lidar dia após dia.

– Sabe?

– Sei... – suspiro, penso em dizer a ele o motivo, mas esse é um assunto que eu evito tocar, justamente por odiar a reação das pessoas e o quão constrangidas ficam ao ouvir. A verdade é que, nunca vai haver um jeito de dizer "minha mãe morreu" sem parecer que o mundo está acabando e eu nunca fui feliz por conta disso.

Eu sou feliz, por mais que eu tenha passado por um inferno, eu sei que sou feliz. Por mais louco que seja pensar, que minha o meu caráter e personalidade foi formado com base em um puta trauma, pensar que se o acidente não tivesse acontecido eu seria alguém totalmente diferente, ainda sim, tenho amor próprio o suficiente para não me importar, também possuo sanidade o bastante para me impedir de surtar por isso.

Gosto de quem sou atualmente, apesar de tudo.

– Mas passou. Tudo passa – abri um sorriso ao me virar de frente para ele.

Ele balançou a cabeça em afirmação, esboçando um sorriso e voltando para perto de mim, com o rosto enfiado no meu pescoço e se aconchegando pertinho de mim.

Odeio grude, detesto, repudio, mas por alguma razão ficar de grude com ele até que é bom, é gostosinho.

Volto a ler, me arrepiando a cada vez que sinto sua respiração fraca na minha pele, as mãos enfiadas dentro da minha camisa, raspando as pontas dos dedos pela minha pele e é bom, assim como é bom sentir o cheiro do cabelinho dele.

VANTE: GIRASSÓIS DE DANTEDove le storie prendono vita. Scoprilo ora