— Talvez eu esteja — disse por fim, empurrando a bandeja praticamente intocada para o lado. Outro indício de que estava afundando uma vez mais.

Katsuki sentiu-se inútil por ter permanecido tanto tempo longe dele e alheio a sua situação. Mesmo assim nada pode fazer, foi preciso se recuperar e ficar afastado até que provasse ser capaz de controlar novamente seus instintos e feromônios, tendo sido reprovado em vários outros testes.

Mesmo assim o amigo havia prometido a ele que ele nunca mais se entregaria. Porque agora estava dando para trás? Ele não podia.

— Pare com essa merda, Deku — instou enérgico.

— Não, alfa! — ergueu o tom de voz, encarando-o sem demonstrar medo.

O loiro se empertigou frente a fala destemida dele.

— Do que me chamou? — Katsuki trincou os dentes. Tinha orgulho de ser um alfa, e usava essa vantagem para manter longe algumas presenças indesejáveis, mas Izuku não. Ele era seu amigo desde pequeno e dizer aquilo era o mesmo que colocá-lo no mesmo patamar de um estranho.

Ainda se miravam intensamente quando mais uma pessoa se juntou a mesa, sem desviar os olhos um do outro.

— Oi garotos, bom dia! — Ochako cortou a tensão, olhando temerosa para o amigo ômega. Os feromônios dele, ainda que suprimidos ditavam seu estado de espírito e diziam claramente que estava alerta.

Vê-lo fitar Bakugou com o semblante irritado era algo inusual e deveras preocupante e ciente de que o loiro era como um barril de pólvora apenas a espera de uma fagulha para explodir resolveu intervir. Tinha mais tato para lidar com a situação, ao menos o pouco de noção.

— Izuku, aconteceu algo?- questionou gentilmente, sentindo sua natureza alfa instigá-la a defender o ômega da presença hostil liberada por Bakugou.

— Muitas coisas — respondeu evasivo.

O loiro reclamou bufando alto sem conseguir conter a própria irritação.

— Esse merda tá começando com o show tudo de novo — Bakugou reclamou inconformado.

Aquela fala deixou a própria Uraraka apreensiva. Reuniu toda a paciência e autocontrole para poder lidar com a situação, escondendo primorosamente a os sentimentos que haviam ficado em alerta com aquela revelação.

— Calma, vamos ouvi-lo primeiro, Bakugou — pontuou calma. Alguém precisava se manter tranquilo.

O loiro bufou novamente fingindo não se importar, porém temeroso com a resposta.

— Eu não quero falar sobre isso — Izuku novamente se esquivou, deixando o alfa loiro ainda mais irritado.

— E lá vamos nós de novo... — erguia as mãos para céu pedindo paciência.

Uraraka puxou a orelha do amigo alfa resmungão, repreendendo-o, recebendo um rosnado mal humorado em troca.

— Não faça isso, sabe que odeio — exigiu com a mão n orelha, repelindo-a rudemente.

— Não rosne pra mim também e deixe o Izuku em paz. Ele quer espaço, não está vendo?! — bronqueou como se fosse sua mãe.

— Espaço é o caralho! Eu não vou dar a ele a chance de ficar deprimido até fazer merda de novo — voltou-se para o amigo — Eu não sei o que aconteceu e estou pouco me fodendo também, só que não vou aceitar você tendo recaídas. Tire essa merda de máscara e pare de palhaçada.

Os olhos verdes o miravam indocíveis provando que ele não estava nem um pouco afim de cumprir com aquela exigência.

— Não.

AlvorecerWhere stories live. Discover now