| Capítulo III: Queenie Harper |

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Comi tanto que até mamãe se surpreendeu. Escovei meus dentes e guardei meu celular no bolso do casaco, nesse meio tempo a chuva já estava mais calma, agora não passando de uma pequena garoa.

– Vamos? – Mamãe apareceu no corredor enquanto eu devorava um pacote de biscoitos.

– Vamos.

– Eu nunca te vi comer tanto. Está tudo bem?

– Sim. – Respondi enquanto limpava algumas migalhas de minha boca e casaco. – Estou em fase de crescimento, deve ser isso.

– Você tem um e setenta e cinco, acredito que já cresceu demais. – observou por fim.

Entramos no carro, devido à chuva a transmissão de rádio estava horrível, então mamãe decidiu não ligar. A chuva foi a minha única trilha sonora e com o tempo o barulho das gotas colidindo com o asfalto acabou ganhando ritmo e se transformando em uma melodia.

– Acho que vamos chegar atrasadas. – Mamãe comentou enquanto estávamos paradas no sinal vermelho. – A via três inundou todos os carros terão que passar pela estrada para poder chegar até o centro.

– Estamos quase chegando à escola. Se quiser posso descer e ir andando. Faltam quantas quadras? Duas ou três.

– Tem certeza? – Ela olhou para o céu. – Está chovendo demais.

– Não se preocupe, eu posso ser esse docinho, mas não sou de açúcar. – Ri enquanto dava um beijo em sua bochecha. – Até mais tarde, eu te amo.

– Eu também te amo, filha.

Coloquei o capuz e saí correndo do carro. A chuva havia piorado desde que saímos de casa. Havia poucas pessoas na rua, a maioria estava de guarda-chuva ou em comércios esperando ela parar.  Tive o primeiro vislumbre da escola. Não havia nenhum movimento, olhei no relógio digital que ficava embaixo do letreiro.

06h45min

– Bem na hora.

Tirei o capuz quando entrei na escola. Vários alunos estavam andando pelos corredores – que por algum motivo parecia mais escuro. – ou sentados esperando a hora de entrar na classe. Agradeci pela chuva forte ter tirado as atenções de mim sobre ontem.

  Caminhei até o meu armário. O velho armário no finalzinho do corredor. A luz de uma das lâmpadas piscava, deixando o ambiente mais obscuro ainda.

Ao lado do meu armário percebi uma garota de cabelos roxos e longos. Sorri. Era bom saber que eu não seria a única na parte precária do corredor. A garota era baixinha, devia ter por volta dos um metro e cinquenta, vestia uma calça de couro falso, um moletom também preto com orelhas de gato no capuz.

Me aproximei e abri meu armário, a garota continuou procurando seus livros e nem se deu o trabalho de olhar para o lado. Suspirei enquanto colocava minha bolsa no chão e tentava abrir o armário. O cadeado soltou, mas a porta não abria. Forcei diversas vezes. Com a raiva, acabei chutando minha bolsa que bateu na menina.

– Desculpe. – Falei, mas a garota ignorou, seu rosto ainda estava coberto por capuz e, enquanto sussurrava alguns xingamentos, ela deu um soco na minha porta, amassando-a um pouco, porém ela não estava mais emperrada.

– Uau, você é forte! Obrigada. – A elogiei, tentando puxar conversa, mas a mesma voltou para o seu armário.

Abaixei a cabeça. É claro que ela não quer falar com você, principalmente por causa de ontem. Pensei, eu havia brigado com Charlotte – que querendo ou não era minha única companhia – e nem minha vizinha quer falar comigo, que bela merda.

A Filha Do Caos - saga A Capa livro 1Место, где живут истории. Откройте их для себя