― Lembra-se dela?

― Sim, e não sabia que vocês ainda...

― Ela estava viajando. ― Começa explicando, interrompendo a outra. ― Voltamos a conversar em um tempo desses. Recebi uma ligação dela, em uma das vezes que eu saia do consultório da psicóloga.

― Uh... ― Murmurou, sem saber o que dizer. ― Então...Uh... Eu vou tirar as pipocas do micro-ondas... ― Apontou para trás e Regina se virou rapidamente, observando-lhe atentamente. ― Eu pretendia colocar um de seus filmes para assistirmos... ― Explica, com um falso ar de quem não se importava. ― Mas... ― Deu um sorrisinho, que Regina percebeu bem que não foi verdadeiro. ― Tenha um boa noite e divirta-se. ― E então saiu do quarto, deixando a outra perdida em pensamentos.

•§•

― Tem alguém em casa? ― Mills grita com um sorriso nos lábios, abrindo a porta da casa de seus pais e batendo na madeira, mas já entrando.

― Filha? ― Henry indaga confuso. ― O que está fazendo aqui no meio da semana? Está trabalhando aqui perto? ― Puxa-a para seus braços e lhe dá um abraço de urso.

― Digamos que eu estou de férias. ― Não gostava de mentir para seus pais, Henry principalmente, mas não havia chances de contar o que acontecera, que explicaria o motivo de estar ali no meio da semana, na metade do mês. Sentia vergonha de si, e queria, o mais rápido possível, esquecer o assunto. ― Cadê a mamãe? ― Pergunta-lhe, olhando por cima e não vendo a sua versão 25 anos mais velha.

― Foi comprar umas coisas para o almoço, uma hora e meia atrás. ― Diz, em tom de reprovação. ― Você sabe como a sua mãe é. ― Balança a cabeça negativamente, fazendo a filha gargalhar. ― E cadê a Emma? Não está de férias também? ― Pergunta curioso ao não ver a filha loira por ali.

― Emma foi visitar o pai e o avô antes de vir aqui. ― Responde em um tom menos animado, o seu sorriso sumindo dos lábios ao se lembrar de que pedira para acompanhar a Sargento, mas ela bateu o pé, dizendo que queria ir sozinha. Mills sabia bem como era aquele momento para a amiga e sabia o quanto ela precisava de alguém do seu lado depois.

― Ah sim! ― Faz uma expressão triste, compreendendo a repentina mudança no rosto da filha. ― Mas vocês vão ficar para o almoço, certo? ― Segura em seu braço e a puxa para a sala.

― Eu vou ficar o resto da semana, papai. ― Revela animada, trazendo um sorriso ao rosto do homem, e se senta no sofá. ― A Emma não está de férias, então, volta hoje mesmo. ― Completa, antes que o outro pudesse perguntar.

O velho Mills estranha o fato de apenas uma ter tirado férias e a outra ter continuado em serviço, pois se bem sabe e se lembra, elas sempre faziam tudo juntas, todavia, decidiu não questionar sobre aquilo. Iria aproveitar a visita da filha.

•§•

― Eu queria que você estivesse aqui. ― Emma sussurra, ajoelhada em frente ao túmulo do pai, passando os dedos pela lápide. Grossas lágrimas descem por seu rosto. ― Eu queria que você visse onde estou. ― Abre um sorriso, porém triste. ― Estou exatamente onde o senhor gostaria que eu estivesse. No lugar onde eu tanto almejei estar. ― Sentindo orgulho de si, passa os dedos por cima de seu distintivo de Sargento. ― Gostaria de ver o seu sorriso orgulhoso por mim. ― Volta a olhar para o nome do pai, gravado na bonita lápide, que um dia foi escolhida por ela. ― Gostaria que estivesse lá quando isso aconteceu. ― Aspira fortemente e pisca os olhos várias vezes, para limpá-los do embaço das lágrimas. ― Gostaria que estivesse lá, quando eu ganhasse outra promoção, futuramente. ― Disse, lembrando do pedido que Regina fizera à Graham para mudar a função das duas. ― Gostaria de poder te abraçar e te beijar, ouvir o som da tua gargalhada, o som da tua voz de verdade, não só em minha mente, como sempre acontece... ― Murmura com pesar. ― Gostaria de conversar com o senhor, o que eu tenho vergonha de conversar com a minha mãe... ― Dá um sorrisinho. ― Há tantas coisas que eu gostaria de te dizer sobre mim, sobre Regina, sobre a nossa amizade, sobre novos sentimentos que não deveriam surgir, mas surgiram sem a minha permissão. ― Direciona o seu olhar para a aliança, que um dia Regina, ali mesmo no Green-Wood, encontrou e lhe entregou, chamando-a logo após, de esposa, e começou a rodá-la. ― Há tantos conselhos que eu gostaria de ouvir. ― Fala com tom de nostalgia. ― Eu só gostaria que você estivesse aqui comigo, pai. ― Respira fundo, olhando para cima. Acreditava que assim estava falando diretamente com ele, mesmo sem o ver. Então, após algum tempo em silêncio, mesmo que em vão, a Sargento limpa as lágrimas e coloca as flores que trouxera, em cima do túmulo de seu pai. Em seguida, levanta-se e vai para o túmulo ao lado, o de Leopold Swan, seu avô.

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