— Caralho, Deku, para com isso, porra! Estamos na merda de um lugar fechado! — ralhou mostrando os dentes cerrados e um rosnado.

Outro gemido escapou dos seus lábios com aquele comportamento e Bakugou xingou.

— Eu não estou fazendo por que quero, é instinto, assim como você — instou ofendido.

Bakugou sabia que era verdade. Ele mesmo respondia aos feromônios do amigo por puro reflexo. Alfas e ômegas reagem mutuamente, sem que haja a necessidade de pensar. Algo natural e incontrolável.

— Me ajuda, Kaachan... ou eu vou fazer uma loucura —

O loiro revirou os olhos e xingou ao ouvir a voz manhosa que o ômega traiçoeiramente usou para lhe convencer. Não tinha como negar um pedido daquele estilo. Segurou seu braço o incitando a se levantar, enquanto afastava os demais alfas que encaravam o amigo com olhos famintos, rosnando baixo para eles.

Do lado de fora, Katsuki tentou controlar os próprios movimentos, fechando os olhos e balançando a cabeça. Deku nunca havia feito aquilo, era um dos ômegas mais controlados que conhecia, e acreditava que grande parte se dava pela sua natureza lúpus, no entanto, por mais que tentasse negar tinha certeza de que aquele comportamento era devido a influência do maldito alfa lúpus.  Não se importava com quem o amigo copulava, ou desejaria se envolver, mas aquele descontrole parecia ser um indicativo de que algo ia dar errado.

—Eu vou ter que te aromatizar — resmungou entredentes puxando Izuku para dentro de seus braços. Detestava ter que recorrer aquilo, mas se quisessem continuar dentro do ginásio ele teria que fazê-lo. 

—Tudo bem, apenas faça — concordou.

Bakugou liberou parte de sua presença e passou a se esfregar no amigo, permitindo que sua essência impregnasse nele, o que afastaria os demais alfas por um tempo. Não era tão eficaz quanto uma marca, mas iria servir por enquanto, pelo menos até as apresentações acabarem, e de quebra ainda deixaria o tal alfa lúpus morrendo de ciúmes. 

 A mente do ômega trabalhava traiçoeiramente. A essência do amigo não lhe provocava tanto quanto a de Shoto, no entanto estava sensível, e a liberação de qualquer feromônio de um alfa deixaria entregue. A pele formigou e se arrepiou quando ele desceu a gola de sua camisa, raspando os dentes por sobre o ombro, subindo e descendo, em uma carícia que o deixou sem ar enquanto procurava um lugar para poder marcá-lo. Pelo primeira vez ele se sentiu entregue e vulnerável, implorando mentalmente que ele lhe mordesse. Subiu as mãos pelas costas dele, por baixo da camisa e lhe arranhou, fazendo o loiro grunhir contra a sua pele e segurar suas mãos com força. 

— Pare com essa porra, ou eu vou me descontrolar ! — ordenou. 

Mesmo que fossem amigo e não sentissem vontade de estar sexualmente ligados, ambos sabiam que instintivamente respondiam as suas classes. Provocar um ômega ou um alfa era uma mistura perigosa. Todo som, aroma e toque podia os deixar ensandecidos. 

— Desculpa, Kacchan, eu também não estou conseguindo me conter — tentou se desculpar, mas o tom de voz excitado fez o loiro revirar os olhos e dessa vez não era de deboche ou estafa — Eu...

Katsuki cobriu-lhe a boca antes que ele usasse novamente o maldito tom de voz. Por todos os deus, ele estava produzindo uma quantidade absurda de detalhes que deixariam qualquer alfa em ponto de ataque, mesmo usando os supressores mais potentes. Caso estivesse sem a medicação que lhe invalidava boa parte dos hormônios, aquele lugar já estaria cheio de alfas e teria virado um verdadeiro campo de disputa. 

— Não... diga... mais... nada.

Voltou a passar os dentes pelo ombro, sentindo que aquela coleira era um objeto desagradável e muito incomodo, sentindo vontade de arrancá-la e o morder no pescoço. Respirou fundo controlando a respiração. Não podia. Não o faria. 

As carícias se concentraram finalmente em apenas um lugar, e logo a ansiada dor atingiu o esverdeado que gemeu excitado, afundando as unhas na pele de Bakugou. As presas dele entraram de maneira violenta e descontrolada. Era perceptível que ele estava tentando se conter. Afastou-se lambendo o local e observando a marca provisória. 

— Caralho, mas que porra! — afastou-o com um safanão, tremendo. Por pouco não tinha sucumbido aos instintos e tomado aquele idiota ali mesmo. Respirava rudemente de olhos fechados. Já tinha feito aquilo outros vezes mas nunca havia se sentido tão excitado. 

— Desculpe, Kacchan, eu não sei o que está havendo comigo hoje. 

— Sabe sim. — rosnou insatisfeito. Seu orgulho alfa não aceitava a perda de território.

— Acho melhor eu voltar. 

— Não sozinho — Bakugou acabou de se recompor e levantou-se um pouco mais controlado. Aproximou-se do amigo e passou a farejá-lo, tranquilizando-se por sentir seu cheiro por ele, marcando-o como seu, embora soubesse que se tratava de apenas dominação natural — Vamos. 

Retornaram para dentro, tendo os olhos postos sobre si. Era obvio que todos ali dentro haviam percebido sua ausência e a momentânea e descontrolada liberação de essências, reconhecendo o cheiro do alfa no ômega, o que acalmou outros alfas e suscitou a inveja de muitos ômegas, afinal Bakugou poderia não ser um lúpus, todavia ainda era um alfa muito forte. 

Agora o mais desagradado dentro daquele ginásio era de longe Shoto, que sentiu-se provocado com aquele ato. O ômega estava respondendo a ele, então porque tinha saído com o outro alfa? Era para ser o seu cheiro ali, impregnado nele, fosse lá o que tivessem feito para que ficasse tão visível. 

******

Olha essa gostosura de Shoto ciumento. 

Mas Yue, ele está com ciúmes de alguém que conheceu a pouco tempo?! Que tosco!

Nope, o que está falando mais alto nele aqui amores não é a razão, mas o instinto alfa. 

AlvorecerWhere stories live. Discover now