Preparação

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Animado, Izuku deu uma última revisada nos materiais, contando-os e se certificando de que estava verdadeiramente preparado.

Fechou a mochila, colocando-a no ombro. Seria seu primeiro dia na Universidade UA e mal podia se conter tamanha felicidade.

Desceu as escadas onde a mãe já o aguardava com o desjejum, tão feliz quanto ele, ainda que um pouco mais apreensiva. Sabia os riscos que ele corria ao se aventurar  daquele jeito, no entanto,não o impediria.

— Não está se esquecendo de nada, filho? Revisou sua mochila?

— Sim, mãe, acabei de fazer isso — confirmou enquanto se servia de mais um pouco de panquecas.

— Certo — ela maneou a cabeça ansiosa e Izuku riu. Sabia que ela ainda não estava satisfeita e ia perguntar outra coisa — Tem certeza de que realmente não está esquecendo nada? Supressores, coleiras... — questionou aflita.

A insistência dela poderia ser maçante para outros jovens, mas não para Izuku. Ele sabia que o temor dela se devia ao fato da  UA ser uma faculdade frequentada quase totalmente por Alfas, o que tornava o lugar perigoso a um Ômega que estivesse despreparado, ainda mais um da categoria dele. Um lúpus. O que o tornava ainda mais cobiçado por alfas.

Alcançou a mão dela, enlaçando carinhosamente seus dedos, com o olhar compreensivo.

— Sim, eu tenho certeza. Fique tranquila, mãe, vai dar tudo certo.

— Eu sei que já tivemos essa conversa antes, meu filho, e que está certo do que deseja, mas você não precisa fazer isso para agradar o seu pai.

Izuku torceu o rosto ante a menção da figura paterna.

— Não estou fazendo para agradá-lo, mãe.  E sim para provar a ele que mesmo sendo um ômega eu posso me formar onde quiser, ainda que ele tenha dito um milhão de vezes que eu não conseguiria.

Em resposta, Inko apertou a mão do filho.  Ambos ômegas tinham lágrimas nos olhos.

— Eu tenho orgulho de você, Izuku. Do filho maravilhoso que é, do homem forte é maduro que se tornou, independente do seu gênero — ela ergueu-se contornando a mesa e o abraçou — Sei que será cuidadoso e conseguirá o seu diploma para mostrar ao mundo quem você realmente é.

— Obrigado, mãe. —sorriu agradecido pelo carinho.

A campainha tocou quando ainda estavam abraçados, soando insistente após os dez primeiros segundos sem resposta. Ambos riram reconhecendo não somente a pessoa pelos feromônios que exalava, como também o fervor com o qual massacrava o pobre botão.

— Pediu ao Bakugou pra te acompanhar?

— Tenho que estar prevenido, não?! O que melhor para afastar outros alfas intrometidos que um alfa estressado e com forte senso de dominação — riram cúmplices, com o som estridente da campainha e os berros impacientes que soavam do lado de fora — Mas pra ser sincero eu havia chamado primeiro a Uraraka, só que o Bakugou insistiu que queria cursar na UA e precisava me compensar pela ajuda que dei a ele no último cio.

— Entendo. Agora melhor abrirmos a porta antes que ele a derrube, não é?

— Não duvido que ele seja capaz.

— Quem duvida?

Izuku jogou a bolsa sobre os ombros e a mãe o acompanhou até a porta. O aroma dos feromônios exalados pelo loiro era sufocante, uma mistura nada sutil de pimenta, das mais ardidas, com vodka, ao menos era o que parecia.

— Até que enfim, porra! — reclamou assim que a porta abriu — Pensei que tinham morrido aí dentro!

— Só se passaram dois minutos, você que é impaciente demais —Izuku brincou recebendo um olhar mortal, mantendo o mesmo sorriso — E a propósito, bom dia pra você também.

— Foda-se — resmungou descontente.

— Por favor, Bakugou recolha essa essência, sabe que não funciona comigo, nem com a minha mãe que já é marcada. Agora pode acabar ativando o cio de alguém e se isso acontecer você vai chegar atrasado.

Mesmo resmungando, o loiro recolheu a essência. Encarou-o seriamente e, sem pedir permissão, puxou o colarinho de sua camisa, revelando a coleira.  Mesmo sentindo certo desconforto e queimação nos dedos, ele verificou cuidadosamente os fechos, certoficando-se de que estava bem atada. Izuku riu com a cara emburrada do amigo. Sabia que seria a primeira coisa que ele ia verificar, era sempre assim. Bakugou era um belo exemplo de amigo grosso e ignorante, do tipo que finge não se importar, porém era cuidadoso ao seu jeito.

— Achou mesmo que eu ia esquecer? Foi a primeira coisa que coloquei depois do banho.

— Eu lhe perguntei alguma coisa? — reclamou rude, soltando-o — Agora vamos.

Sem esperar uma resposta, o alfa se apressou, dando as costas e se afastando.

— Acho impossível alguém tentar alguma gracinha tendo esse alfa do seu lado — a mãe brincou fazendo carinho em seus cabelos e lhe beijando a testa.

— Por isso que eu não reclamei.  Agora tenho que ir, tchau mãe.

Inko ficou na porta, observando seu pequeno bebê  sair e ganhar o mundo, torcendo para que tudo desse certo.

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