Capítulo 10

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— Isso dá um lindo conto de fadas, querida. Você ouviu ele dizendo que mora numa casa antiga que lembra um castelo? Então! Você é a Gata Borralheira.

Revirei os olhos.

— Não ouvi não, tia. A senhora estava fazendo tanta pergunta vergonhosa que fiz questão de não ouvir. Pelo amor de Deus, não me faça passar vergonha na frente no Miguel de novo!

Ela riu.

— Você é uma tonta! Consiga um dinheiro e compre umas roupas, fique linda quando ele vier. Arrume o cabelo e converse com ele. Ah, se fosse comigo!

Ela saiu de perto de mim ainda falando, e eu preferi não responder. Não tinha nem resposta para um papo daqueles.

Para a minha surpresa, Miguel ligou pouco tempo depois, naquela mesma tarde. Iludida, atendi ao telefone imaginando encontrá-lo feliz, ou confuso, ou pelo menos interessado na filha, mas só o que ele queria era refazer o exame, em outro laboratório, com a desculpa de que precisava ter certeza. Aquele comportamento dele estava me enervando, mas concordei, por fim. Nenhum laboratório sério daria um resultado diferente do que eu já sabia. A carinha de Alice, os olhos e o cabelo dela, eram provas mais que suficientes, mas o maldito descendente de portugueses era cego e burro demais para ver isso.

Foram mais alguns dias até o segundo exame ficar pronto, e esse foi igual ao primeiro. Os tracinhos todos nos mesmos lugares. Com esse segundo resultado em mãos, esperei ansiosa que o pai de minha filha entrasse em contato, mas ele demorou cerca de quinze dias para voltar. Não ligou nenhuma vez durante esse período. Um escritório de advogados cuidou dos trâmites legais.

Só depois de tudo acertado foi que Miguel se aproximou de Alice, ainda contido e desajeitado. Era uma tarde de segunda-feira quando ele apareceu sem avisar, e nos pegou de surpresa. Tia Elda não estava, pois não trabalhava às segundas. Ele pegou Alice no colo, mas ela chorou e quis descer, vindo até mim. Pouco depois, ele disse que tinha que ir embora e se despediu dela com um beijo. Por alguma razão, ele estava com pressa. No dia seguinte, quando eu pensava que ele já estava do outro lado do Atlântico, ele apareceu na porta do salão parecendo um verdadeiro galã de novela das nove, com uma caixa cor-de-rosa nas mãos. Quase tive um treco ao vê-lo, e minha tia, assim como outras mulheres que estavam presentes, quase me mataram de vergonha. Sutileza era uma palavra desconhecida por ali. Como eu estava trabalhando, pedi a Miguel que esperasse, mas tia Elda, que tinha acabado o procedimento que fazia, o levou para dentro da casa. Fiquei preocupada com o que ela poderia falar com ele na minha ausência.

— Quem é esse homem?! — perguntou uma cliente que vinha toda semana fazer as unhas.

— É o pai de Alice. Eles ainda estão se conhecendo.

— Meu Deus! Como você conseguiu pegar esse homem lindo? — disse a mulher sem nenhum pudor. — Ele estava bêbado, não estava?

Não me importei em ouvir isso. Sempre soube que a garrafa do Miguel e o dia ruim que ele estava tendo foram os responsáveis pelo nosso encontro e por tudo o que aconteceu entre nós.

Quando terminei o trabalho, fechei o salão e entrei pela porta que dava na casa, na área de serviços. Miguel estava na cozinha com uma xícara de café, encostado ao balcão. Tia Elda estava com Alice no colo e falava sem parar. Alice comia biscoitos de chocolate e estava muito suja, com os cabelos desgrenhados. Senti um pouco de vergonha. Miguel poderia achar que minha filha não era bem cuidada. Ah, mas o que eu estava pensando? A opinião dele não me interessava.

Quando me viu chegando, tia Elda me entregou Alice, repreendendo com o olhar o fato de ela não estar apresentável, se desculpou com Miguel por ter que sair e voltou para o trabalho. Eu agradeci mentalmente por ela ter o que fazer até a noite e me deixar em paz. Eu ficava sem graça em falar com o Miguel quando ela estava por perto

Insensatez (Em Andamento)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang