Capítulo 10

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Atenção, amados: Eu estou repostando capítulos já publicados com algumas alterações. Me perdoem pelo incômodo e pela demora :/


Por que ele tinha que ser tão bonito e tão cheio de si? Pois era assim o Miguel Braga Garcia Filho, além de bem vestido e cheiroso. Era impossível passar por ele e não olhar uma segunda vez. Quando o encontrei para cuidar dos assuntos do laboratório, tive que me conter para não ficar de boca aberta. Que homem! Porém, ele estava agindo de maneira fria e distante, mais interessado em detalhes técnicos dos laboratórios do que em mim e na minha filha. Pelo menos ele estava facilitando tudo e eu não tive que obrigá-lo a comparecer no dia marcado.

Nesse interim, acabei por não contar à tia Elda nada do que tinha acontecido a respeito do anel. Ela ficou eufórica demais quando, ao chegar de sua viagem com o namorado, me encontrou já acertada com Miguel, e ficou ainda mais frenética ao vê-lo na tarde do dia seguinte. Fiquei envergonhada vendo-a se desmanchar em elogios exagerados e enchê-lo de perguntas bobas. Por sorte, isso durou apenas alguns minutos.

Eu tinha certeza de que o exame ia dar positivo, mas fiquei muito ansiosa enquanto o resultado não saía. Tanta coisa absurda me acontecia, e se acontecesse mais alguma, eu ficaria louca. Era uma tarde de quarta-feira feira quando eu soube que o exame tinha ficado pronto. Fui buscá-lo. Fizemos tudo de comum acordo. Miguel foi um verdadeiro cavalheiro nesse sentido.

Em casa, tia Elda deu pulos de alegria quando constatou o resultado do exame. Ela ainda estava cética quanto à veracidade das minhas convicções e não acreditava que aquela mocinha sem graça de dois anos antes seria capaz de pegar um homem como o Miguel, nem que por apenas uma noite. O que ela não sabia era o estado lastimável em que Miguel se encontrava na ocasião.

— Quer dizer que você não estava brincando, não é, querida? — perguntou ela. — Foi sorte esse homem ter concordado em fazer o exame e estar arcando com todas as despesas. Tantos homens não são assim.

— Claro que eu não estava brincando! O que a senhora pensa de mim? Sim, foi sorte, mas ele não parece muito animado com o resultado.

— Bobagem, os homens são assim mesmo. Se ele saiu lá de Portugal para vir resolver isso, é porque ele é um bom rapaz. Isso é raro.

Sim, bem raro. Mas tia Elda não sabia que o maldito anel era sempre o motivo de o bonito do Miguel vir atrás de mim.

— Uma sorte você ter roubado a pulseira desse homem, hein, Ester. Não fosse por isso, Alice nunca conheceria o pai lindo que ela tem. E que voz de ator ele tem, não é? Tomara que você consiga fisgar de vez esse homem. Não seja boba. Talvez ele goste de você.

Me engasguei com o suco que estava tomando. Tia Elda falava cada coisa! Se ela soubesse que além da pulseira eu tinha pegado várias outras coisas...

Falei que o Miguel tinha descoberto uma traição no dia do casamento e as condições em que o encontrei na rua.

— Coitado, deve ter sido difícil passar por tudo aquilo — disse minha tia, sonhadora. — Tomara que o coração dele não tenha endurecido para o amor. Ele é tão gentil!

— Mas o que é que a senhora está falando, tia? Ele deve ter uma namorada, uma mulher magra e sem filhos, fina, viajada. Eu e ele foi só uma fatalidade, quer dizer, uma casualidade. Eu tinha bebido duas doses de vodca e ele estava carregando uma garrafa de uísque. Nenhum amor nasce assim.

— Mas nasceu Alice.

— Sim, nasceu Alice, e eu estou muito contente por ele ter sentido falta do... da pulseira e vindo me procurar. Mas não vai passar disso. Sei que eu não atraio esse tipo de homem.

Insensatez (Em Andamento)Where stories live. Discover now