Capítulo 1: Uma pequena Insensatez (segunda parte)

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(...)

Tinha uma pequena mancha no tecido branco do sofá e ele ficou furioso. Eu me sentei e com a cara queimando de vergonha, tentei explicar.

— Juro que não é o que você está pensando.

— Espere aí, quantos anos você tem?

— Vinte e dois.

— É verdade isso? Uma puta virgem?

— É a primeira vez que eu saio de casa sem meus pais — eu disse, de cabeça baixa.

Ele não falou nada e se levantou, cambaleante. Foi até uma sala e voltou com outra garrafa.

— Sujou meu sofá. Trate de limpar.

— Eu limpo. É só me dar bicarbonato, nem deixa cheiro.

Ele me olhou desconfiado enquanto bebia.

— Eu não sei onde tem isso.

Peguei a camisa dele do chão e me vesti e fui atrás dele na cozinha. É claro que fiquei embasbacada com o luxo do ambiente, era coisa de outro mundo para mim. Ele abriu armários até que identifiquei o produto e peguei um paninho para limpar. Fiz o melhor que pude e ele conferiu com a luz do celular.

— Sua sem vergonha — disse ele, já animado de novo. — Já que é a inauguração, vamos aproveitar mais. Vem cá.

Nessa hora eu estava pensando em voltar para o hotel e descansar, mas ele pediu que eu ficasse mais um pouco com ele. A sensatez me dizia que o certo era me despedir e ir embora, mas um diabinho sussurrava no meu ouvido dizendo que eu não teria outra oportunidade e que ninguém questionaria a hora que eu chegasse. Ainda confusa, acabei cedendo.

Ele não parava de beber e queria que eu bebesse também. Eu não topei, mas ele colocava a garrafa na minha boca, me obrigando a tomar pequenos goles. Em pouco tempo fiquei meio zonza e com o estômago doendo, e então ele começou a me beijar. O relaxamento provocado pela bebida forte me fazia rir e sentir prazer com os toques dele nos meus seios e coxas. Até que ele me pôs deitada no tapete, com as pernas abertas, e deitou sobre mim, e eu não me lembro de muita coisa além do suor e dos gemidos dele.

Quando acordei, estava deitada sobre ele no sofá, ainda vestida com sua camisa cujos botões estavam abertos. Ele estava todo nu, dormindo profundamente e não deu sinal de vida quando tentei acorda-lo.

Era um homem bonito, distinto aparentemente, daqueles que a gente não encontra sobrando por aí. Eu nem acreditava que tinha conseguido pega-lo, mas passado o efeito do que eu tinha bebido, comecei a ficar com receio de permanecer ali, tive medo de que ele reagisse diferente quando acordasse ou pior, que aparecesse mais alguém naquela casa enorme. Peguei minhas sandálias, mas desisti de usá-las, meus pés doíam e eu chamaria muito a atenção na rua, se as usasse naquele horário. Era dia, já. Fui até a cozinha, entrei na área de serviços e peguei um par de chinelos brancos que estavam lá, pareciam bem usados e eram um pouco maiores que os meus pés. Ninguém sentiria falta daquilo e se eu quisesse sair dali, tinha que ser com algo mais confortável que as minhas terríveis sandálias.

A porta da cozinha dava numa área que não tinha comunicação com o portão de entrada, a passagem estava fechada por uma grade e os muros eram altos e tinham dispositivos de segurança. Fechei a porta da cozinha e voltei à saleta onde estava o homem dormindo de boca aberta. Tentei acorda-lo mais uma vez, mas a única coisa que ele fez foi virar o rosto para o lado e deixar cair a mão esquerda para fora do sofá. Conforme o tempo ia passando, eu ia ficando nervosa e com raiva, cheguei inclusive a pensar que ele fazia de propósito. Num último acesso de insanidade, perguntei em alta voz pelos quinhentos dólares que ele tinha prometido, mas nem assim ele deu sinal de vida.

Insensatez (Em Andamento)Where stories live. Discover now